O Diário de Nicholas Morgenstern part. 8
Nicholas Morgenstern
...Eu... Onde estou? Essa decoração de casamento, e... Peraí eu sou o
noivo? Bom, eu estou num altar de casamento, e está tocando a marcha
nupcial e Alice?! Ela vem em minha direção com aquele lindo vestido
branco e aquele maldito chapéu que me impedia de admirar a sua beleza
por completo, ela não parecia triste a vejo até sorridente, como isso é
possível? Ela vai se casar a força e ainda sorri. Quando o padre
perguntou se ela gostaria de ser a senhora Morgenstern ela simplesmente
disse sim, e a cena muda ela está me pedindo permissão para dançar com o
Jonathan eu concedo é claro, e foi então que eu vi aquele maldito
escondido na sombra no caminho da plantação: Jack Jackson, o pai de
Alice, fui até ele e perguntei o que queria ele sorriu me entregou uma
carta e disse para entregá-la em mãos aos destinatários e que se eu o
seguisse ele matava o meu bando, meus amigos, desgraçado!... E ai
eu finalmente acordei desse maldito pesadelo, droga! O pior é ser
verdade, eu estou indo entregar essa maldita carta como um maldito
mensageiro, um peão jogado de um lado para o outro nesse joguinho de
poder. Argh! Amaldiçoados sejam.
Levantei, o sol ainda não havia nascido; mas não ia tardar a acontecer e
eu sabia que não conseguiria dormir mais o que não me surpreende com
tanta coisa em minha cabeça logo teria cabelos brancos de tanto pensar e
me torturar. A ronda estava com o Skinner, o mandei dormir já que eu
estava bem desperto. Não fiquei muito tempo a sós com meus pensamentos,
ao que parece não sou só eu que estou com dificuldades para dormir,
Jonathan levantou e sentou ao meu lado, a princípio nada disse mas a
medida que o tempo foi passando ele que estava cabisbaixo de súbito
levantou a cabeça quase como se tivesse tido uma revelação, deu um
sorrisinho, e me olhou nos olhos como se pudesse desvendar todos os meus
segredos se me olhasse o suficiente, sorriu de novo e olhou para o
leste onde pôde ver os primeiros indícios de dia e finalmente falou, o
que me tirou de minha agonizante reflexão dos fatos - Nic, eu não sei se
devo ficar preocupado. Você é o meu melhor amigo, na verdade você é
como o irmão que eu não tive e não minta nem negue a verdade para si e
para mim, mas você está apaixonado por Alice!? - eu não entendi se era
uma pergunta ou uma afirmação e preferi não questionar a linha de
raciocínio de John - É o que eu acho, mas o que eu realmente quero saber
é o que você acha?
- John, eu nem sei o que te dizer, a verdade é que não sei o que dizer
para mim mesmo então estou focado apenas em meu dever, em minha honra, e
consequentemente a promessa que fiz para Elliot de proteger Aly, estou
fazendo isso.
- Você abriu a carta?
- Sim, é claro. Eu jamais levaria uma armadilha para Elliot, aliás você
foi ótimo despistando os capangas de Jack, devo dizer que eu jamais
pensaria no óbvio. Dizer para eles exatamente o que iríamos fazer, para
que eles tivessem que consultar Jack, e que assim tomássemos a
dianteira e chegássemos antes deles. Brilhante!
- Obrigada Nic, no entanto não mude o rumo da conversa tentando me
ludibriar com seus elogios sinceros. - eu ri como sempre faço quando
esse homenzarrão sagaz me pega no pulo do gato.
- Fui pego! - me rendi.
- Eu só quero o seu bem, se for se apaixonar pelo menos tenha a
dignidade de assumir para si mesmo, antes que seja tarde demais para
consertar qualquer bobagem.
- Obrigado pelo conselho amigo, ou melhor: irmão, mas agora já esta em
tempo de acordar estes preguiçosos antes que perdamos nossa vantagem.
Após todos de pé a cavalgada foi intensa, paramos apenas para uma
rápida refeição ao meio dia e continuamos até exaurir os cavalos que a
noite foram recompensados com: água, alimento e um belo descanso. Quando
liberei meu cavalo a noite minhas pernas doloridas tremiam, sentei e
estirei as pernas. Paul me trouxe um pouco de água, sentou do meu lado
refletindo meu movimento para que as suas próprias pernas também
parassem de tremer e nós dois rimos, ele disse - Estamos parecendo uns
maricas que não conseguem nem montar um cavalo, tremendo que nem vara
verde.
- É exatamente o que parece sua mulherzinha. - respondi.
- Nic...
- Sim?
- Você sabe que Alice ficou sozinha, desprotegida né?
- Ele não vai fazer mau a ela, ele quer vingança. Jack esperou esse
tempo todo por Elliot e Maryse ele não vai estragar tudo fazendo mau a
Alice, não agora que está tão próximo de conseguir o que ele quer.
- Nós vamos chegar amanhã, você já sabe o que vai dizer a eles quando os encontrar?
- Nada, eu não tenho nada a dizer a eles. Os fatos vão dizer por si só.
Vou entregar a carta para que leiam e tomem sua decisão, e logo após
voltamos. Isso é tudo. Estamos apenas cumprindo nosso dever.
- Você é quem sabe.
- É claro que eu sei, agora toma sua água de volta e bebe pra parar de
falar besteira o que não vai te impedir de pensar nelas, infelizmente.
- Nossa como tá sensível, mulherzinha.- e o merda saiu correndo e eu
atrás dele para lhe dar uns cascudos, saímos embolando pela relva,
quando eu o alcançei, e nos esmurramos um bocado. Foi divertido. Comemos
a caça que Skinner, Jonathan, e Jared trouxeram; eu e Paul já havíamos
armado acampamento, todos foram dormir, a primeira ronda foi a minha, e
quando a minha ronda já estava acabando ouvi um barulho acordei Jonathan
fomos juntos olhar a oeste de onde vinha um barulho de cavalgar de
cavalo, era alguém bem vestido, num cavalo vistoso, um garanhão sem
dúvida, nos olhamos por algns segundos tentando decidir o que fazer.
Estávamos agachados, Jonathan deu de ombros querendo dizer "você decide o
que quer fazer" então eu levantei e ele acompanhou o movimento, atirei
para cima e disse em alto e bom som - Se você não descer desse maldito
cavalo, colocar as mãos aonde eu possa ver, e se identificar eu vou
estourar os seus miolos entendeu? - e o que eu não esperava aconteceu,
uma voz familiar disse - Nic? - a voz do desgraçado do Elliot, o que
esse idiota fazia no meio da noite aqui, logo aqui? Ele desceu do
garanhão, e seguiu minhas instruções porque eu não estava brincando
sobre atirar pra matar e por fim se identificou - Eu sou Elliot Jackson e
você Nicholas Morgenstern meu amigo eu presumo.
- Eu presumo. - o imitei com uma voz afeminada bem baixinho, a ponto de
apenas John que estava ao meu lado ouvir, e não se conter com um riso
abafado pela mão.
- Posso? - o idiota disse com os braços abertos como se esperasse que eu
ainda fosse aquela criança remelenta que ele conheceu a muitos anos
atrás, o contemplei apenas com uma mão estendida que ele comprimentou
com muita alegria. Suspirei e tirei a carta de minha bolsa surrada, que
carrego comigo o tempo todo até mesmo dormindo se puder, não disse nada e
me afastei com John em meu encalso. Me aqueci na fogueira, Jonathan era
o próximo na ronda, então fui me preparar para dormir antes de ter que
voltar para casa amanhã, espera eu disse casa? Estou ficando um molenga
mesmo, pensando em deixar essa vida de lobo alfa. E aparece o retardado
do Elliot, nada de soneca então, suspiro.
- Dick mandou um mensageiro de barco que chegou no porto esta tarde.
Logo após você sair da sala dele Jack apareceu lá e disse que ele o
havia enviado a mim, e que eu teria que voltar para em fim ele poder
defender sua honra e por isso estou a sua procura.
- E decidiu cavalgar sozinho a minha procura? Ficou maluco? Isso não foi
nada inteligente, além de quê, poderia ser uma emboscada e eu poderia
ter estourado esse seu cabeção desmiolado.
- Eu sei, mas confio em você Nic. Sempre confiei. Você está em posse de meu bem mais precioso.
- Esta se referindo a menina que você abandonou em São Francisco? Esta
falando de Alice? A sua filha que você deixou na mão de um homem de
caráter dúvidavel e seu bando.
- Eu fiz isso para a proteção dela, e posso te contar tudo o que quiser,
posso explicar tudo. Acorde seus homens e cavalgue comigo até o porto
tem um navio já pronto para levar-nos de volta a São Francisco. Eu
preparei uma comitiva inteira que já esta a bordo, apenas esperando
vocês. Vamos. - Fiz o que ele mandou, acordei a todos e fizemos o que
Elliot mandou, entretanto tenha certeza de que ele me deve umas
informações e ele vai respondê-las ou eu não me chamo mais Nicholas
Morgenstern. Temos muito o que esclarecer e eu não estou conformado com
essa sua postura de ofendido "amigo".
O Diário de Alice Jackson part.7
Enquanto orava; pedi a Deus desculpas pelo meu sentimento de vingança,
por querer matar o meu marido. Que Deus me perdoe, mas eu não quero
odiar ninguém mas...eu fui abandonada, isso tem que me absolver deste
pecado que neste momento assola a minha alma, é muita humilhação para
uma garota de São Francisco. O barulho lá fora ficava cada vez mais
ensurdecedor, eu não estou aguentando a minha curiosidade, entretanto
não quero dar o braço a torcer e me dar ao desfrute dos saciamentos
mundanos, como a curiosidade, mas devo dizer que estou tentada a sair.
Como não há nada que me prenda a igreja, já que à missa pelo visto não
haverá mais; vou sair, e desfrutar do meu prazer mundano salvo que eu
resisti o máximo que pude. Sou uma heroína!
Quando saí avistei a mulher mais linda que já vi em minha vida, nunca
tinha visto uma mulher tão formosa e elegante, exceto pela minha mãe que
era uma flor delicada, e essa mulher me lembrava a minha mãe pela sua
beleza e altivez. Cabelos negros, bem penteados, estava preso num
penteado delicado com uma presilha muito cara isso era óbvio, o vestido
então era um luxo, mas sem muitos babados e brilhos e paetês, o rosto
era delicado, me lembrava uma boneca de porcelana. Não pude ver mais
detalhes referente a essa desconhecida, todavia vi o homem que a
acompanhava, deveria ser seu marido pela forma como a segurava, a
sintonia que eles compartilhavam, a intimidade como se olhavam, espero
algum dia ter algo assim com Nicholas...Espero...espero não matá-lo ou
serei a viúva mais nova da cidade, risos.
Pelo que puder ver havia uma comitiva de nobres com este casal, era uma gente muito arrumada e refinada, os vestidos de muitas delas não era particularmente de meu gosto, mas enfim, não pode-se dizer que não eram exuberantes, com aqueles babados, paêtes...e você pode ter uma noção do resto. Os homens então estavam alinhadíssimos, pena a moda masculina estar um pouco exagerada, bufante, e feminina. Não que a minha opinião valha de coisa alguma, por isso a expresso com certa reserva, pois como não canso de dizer é o meu gosto o que não significa necessariamente nada, e é uma pena ressaltar que vocês estão a principio sujeitos a concordarem comigo, já que os mesmos não possuem uma opinião parcial dos relatos da minha história, a minha verdade contada. A minha visão ficou poluída com aquela parada improvisada, me canso rápido de tanta cor e informação junta, me entedia, gosto de coisas simples, e isto tudo era papagaiada demasiada.
Vontade de ir para casa não me falta, muito menos perna, todavia não deixarei Emma preocupada com meu sumiço, não seria justo, logo terei que esperar todo esse furdunço acabar e me encotrar com todos da fazenda. Inclusive com aquele peraltinha que me tira a paciência, e que deve estar aprontando todas na parada. Enquanto eu pensava que o padre ia ter uma síncope, o mesmo esta paparicando a nobreza de não sei lá da onde. Vendido, aprisionado pela luxúria desse mundo. Nem o padre se salva.
Encontrei Emma na multidão - aquele furdunço conseguiu criar uma
multidão na minha pequena cidade - avisei-a que estava me retirando e
indo para casa sozinha, estava insatisfeita.Pelo que puder ver havia uma comitiva de nobres com este casal, era uma gente muito arrumada e refinada, os vestidos de muitas delas não era particularmente de meu gosto, mas enfim, não pode-se dizer que não eram exuberantes, com aqueles babados, paêtes...e você pode ter uma noção do resto. Os homens então estavam alinhadíssimos, pena a moda masculina estar um pouco exagerada, bufante, e feminina. Não que a minha opinião valha de coisa alguma, por isso a expresso com certa reserva, pois como não canso de dizer é o meu gosto o que não significa necessariamente nada, e é uma pena ressaltar que vocês estão a principio sujeitos a concordarem comigo, já que os mesmos não possuem uma opinião parcial dos relatos da minha história, a minha verdade contada. A minha visão ficou poluída com aquela parada improvisada, me canso rápido de tanta cor e informação junta, me entedia, gosto de coisas simples, e isto tudo era papagaiada demasiada.
Vontade de ir para casa não me falta, muito menos perna, todavia não deixarei Emma preocupada com meu sumiço, não seria justo, logo terei que esperar todo esse furdunço acabar e me encotrar com todos da fazenda. Inclusive com aquele peraltinha que me tira a paciência, e que deve estar aprontando todas na parada. Enquanto eu pensava que o padre ia ter uma síncope, o mesmo esta paparicando a nobreza de não sei lá da onde. Vendido, aprisionado pela luxúria desse mundo. Nem o padre se salva.
O caminho de volta foi de calmaria como previsto, já que a cidade toda estava ocupada prestigiando os hereges que atrapalharam o culto. Quando cheguei em casa que susto não foi ver os cavalos de Nicholas e seu bando atados a pilastra de uma casa adjacente a propriedade, não sei nem como reagir. Fiquei um longo tempo analisando as opções a seguir; conclui que o melhor seria agir naturalmente, como se ele nunca tivesse ido embora - por hora agirei assim - porque o que pertence a Nicholas Morgenstern esta guardado e Revenge é meu nome secreto, continuei andando até a cozinha porém ouvi vozes e hesitei, parecia que havia borboletas em minha barriga ansiando para sair, comecei a suar pelos poros das mãos, e meu coração ficou acelerado ao ouvir o destacado som de sua gargalhada. Aquele som me encantou mais que tudo, todavia fiz cara de poucos amigos, entrei na cozinha, fiz o almoço, servi primeiro ao meu marido- que me olhou um pouco bobo, um pouco surpreso pela minha reação. Não discordo de sua reação, de primeiro intento teria eu colocado para fora toda a minha ira e frustração, mas a paz estava comigo e é claro: a astúcia - , ele comeu - não servi os outros por causa das ordens dele - de que não poderia servir mais ninguém além dele - os foram ainda menos discretos com seus olhares furtivos - eles comeram, e só então eu comi. Depois de arrumar a cozinha pedi licença - ao sair ouvi eles comentarem sobre o porque eu não matei o Nicholas naquele exato momento, e porque eu não estava nem ai para esses malditos, e a resposta é que eu sou superior e estou guardando o meu espetáculo para hoje a noite, me aguarde Mr. Morgenstern - e decidi ler o diário da minha mãe pela centésima vez - nunca havia mencionado não é? Ficou curioso para saber o porque? Então continue lendo o meu diário, a minha verdade não calada, contada, revelada, posta perante ti. Te aguardo aqui, neste mesmo diário, para continuar instigado a me entender.
O Diário de Nicholas Morgenstern part. 6.
Nicholas Morgenstern
Será
que assustei Alice? Se sim, consegui o esperado. Foi só o que pensei,
eu tenho coisas para resolver e não quero ter que me preocupar em
dissimular até com minha mulher, só não posso informá-la de tudo - seria
tão perigoso quanto. Depois do desjejum fomos para a cidade e fui
conversar com o sr. Dick. Meus companheiros insistiram em entrar apesar
de minha má vontade - não estava muito para platéia, era algo mais
particular - no entanto eles jamais me permitiriam esse momento.
- Nicholas? O que fazes aqui?
- Acho que sabe muito bem Dick, eu vim cobrar uma dívida.
-
Dívida? - perguntou um tanto inseguro, olhando para meus amigos,
facilmente confundidos com capangas; ele praticamente tremia. Me
controlei para não rir, Dick parecia um pardal assustado; não, que não
tivesse motivo.
- Sim, eu preciso que cumpra com sua palavra. Preciso que me diga onde o maldito do Jackson está.
- De qual Jackson estamos falando? Porque eu conheço quatro.
- Estou falando de Elliot Jackson, não haja como se não soubesse.
-
Eu não sei onde ele está. - tirei uma faca do bolso e me aproximei
dele, coloquei a faca em seu pescoço e educadamente continuei o diálogo.
-
Melhor que não grite ou posso fazer uma besteira - disse enquanto
pressionava cada vez mais a faca em sua garganta, mas não o suficiente
para ferí-lo, a princípio queria apenas assustá-lo a menos que houvesse a
necessidade de alguma medida mais drástica - E se não cooperar posso
fazer uma besteira maior ainda, espero que agora tenha uma resposta mais
adequada - o Skinner riu e disse algo do tipo "depois desse seu olhar
sanguinário, você sabe que eles sempre têm" e Jonathan concluiu "é
melhor que tenham", essa conversa paralela assustou ainda mais o sr.
Dick, percebi que o mesmo logo teria uma síncope então me afastei e o
dixei respirar, e continuei - Já tem uma resposta satisfatória sr. Dick?
- Ele apenas escreveu um endereço em um pedaço de papel e disse para
nunca mais visitá-lo, o que não depende da vontade dele e sim da minha,
todavia deixaria como está, por enquanto.
Preciso
seguir esta pista enquanto está fresca, fui até a fazenda, Alice tinha
ido ajudar na plantação e ama estava muito ocupada no forno, arrumei
minhas coisas e fui embora. Até pensei em deixar um bilhete, entretanto
não serviria de nada, pois não poderia colocar nada além de tive que ir,
não podia dizer meu destino, nem quando voltaria, nem eu sei! Ela vai
ficar melhor sem um bilhete que demonstre que eu me importe, odeio
ilusões, logo não as transmitirei a ninguém. A poeira da estrada
castigava meus olhos e o calor era intenso a essa hora da tarde, mas eu
só conseguia pensar em uma coisa: eu precisava achar Elliot e Maryse,
era importante.
O que
será que está passando na cabeça de Alice? Será que está com raiva?
Espero que seja fácil amansar a fera quando voltarmos, no entanto o
importante agora é achar os pombinhos e contar que a vida de Alice está
em perigo. Estou preocupado, e preciso saber se o plano deles de fugir
deu certo e porque eu não podia saber de tudo, estou com um nó na cabeça
e cansado demais para continuar a cavalgar, além do fato de já ter
escurecido. Fiz sinal para Jonathan e ele repassou as ordens de parar,
todos precisamos comer e de um merecido descanso, pois amanhã tem mais.
Paramos
num vilarejo sem nome, fomos numa taberna bebericar e matar a fome.
Acampamos fora da cidade, como sempre fazíamos, não digo que estava com
saudades de dormir com um bando de macho que não cheira tão bem quanto a
minha Alice, entretanto gosto de sentir a natureza e dormir no relento,
me faz me sentir mais livre, sem barreiras. Dessa vez, o sentimento não
é bem esse. Há algo diferente, não me sinto tão livre; na verdade me
sinto preso a ela e a àquela maldita paisagem da janela - só Alice para
me deixar insone por causa de uma maldita encosta, e insone por pensar
nela! A minha Alice Morgenstern. Argh! Como essa garota consegiu me
deixar desse jeito? Se eu contar isso pra os meus amigos eles vão rir,
parece que finalmente uma mulher mecheu comigo, talvez mais do que
fisicamente - isso me preocupa - eu tenho uma missão e não vou me
desviar dela, não posso.
Ass: Yasmin Oliveira!
O Diário de Alice Jackson part. 5
Alice Jackson
Morgenstern
Não há nada que me estimule
mais do que um desafio. Eu não sei se interpretei bem mas o Nicholas estava me
desafiando a desobedecê-lo e isso é estimulante, pretendo pirraçá-lo a primeira
oportunidade. O dia seguiu-se como normalmente seguiria - meu marido e seu
bando foram a cidade, muito bem vestidos como sempre - não voltaram para o
almoço, Emma fez um ensopado delicioso e contando com a presença deles exagerou
na quantidade, e os abnegados não deram nem satisfação. Gerenciei os empregados
na plantação e dei uns cascudos no Tomy, que garoto peralta! Quando já estava
para anoitecer, voltei ao meu antigo quarto - porque não entraria na casa
principal toda suja de terra - tomei um banho longo e relaxante me arrumei com
um de meus vestidos preferidos - estou de bom humor - e fui ajudar minha ama, o
ensopado foi misturado a uns tempêros e foi levado a mesa com o pão que já não
estava tão fresco. Comemos muito bem e ainda sobrou muito devo dizer, e nada
deles chegarem, todos fomos brincar de imitar, de advinhar, e de tantas outras
brincadeiras; até que ficou tarde e fomos dormir. Assim se passou a semana,
neste mesmo ritmo calmo - voltei a dormir em minha cama, a usar as minhas
roupas. No domingo todos da fazenda se arrumaram e fomos à missa, sempre
pontuais chegamos cedo e sentamos nas primeiras fileiras, o culto começou e os
louvores das crianças estavam cada vez melhores - me ocorreu que um dia seriam
os meus filhos ali, Nicholas me beijou eu posso já ter engravidado - imagino
meus filhos e o de Nicholas cantando no coral da igreja...Ah! Nada mais
perfeito. Tudo no culto parecia primoroso até que ouviu-se o som de cornetas
anunciando a chegada de com certeza alguém ilustre e egocentrico - vamos
concordar que não se atrapalha um culto, a menos que se ache mais importante
que Deus, o que essa criatura deve pensar? todos sairam da igreja, menos eu e
Emma, até o padre foi ver o que atrapalhava a sua missa e repreendê-lo. Eu e
Emma olhamos uma nos olhos da outra e suspiramos não iríamos prestigiar seja lá
quem estivesse chegando, não havia sentindo sair da missa por qualquer que
fosse o motivo, fomos até o altar e fizemos nossas orações, nos sentamos no
banco e Emma pela primeira vez na semana tocou no assunto proibido - Em algum
momento você vai me contar o porque seu marido foi embora?
- Eu já disse que não sei ama!
- Pra mim você está escondendo o
que está acontecendo. - o que de certa forma é verdade, ainda estou seguindo as
instruções de Nicholas, mas não será para sempre, não ficarei sob o jugo dele.
- Ama... Eu não estou mentindo,
não sei porque ele foi embora, já disse que sei tanto quanto você. Me faça
qualquer pergunta e responderei com a verdade.
- O que aconteceu na sua noite de
núpcias?
- Nós fomos para o quarto, ele me
ajudou a desabotoar o vestido, saiu, eu me troquei, ele tomou banho e dormimos.
Nada de especial. - já estava quebrando as regras tendo que dar detalhes, ops!
- E ele não te disse nada?
- Disse boa noite.
- Só boa noite.
- Boa noite Alice Morgenstern,
nada demais não acha?
- Entendo, e pela manhã?
- Ele me beijou, nos arrumamos e
fomos tomar café da manhã.
- Só isso?- Emma sabe quando
estou mentindo então vou ter que soar bastante convincente enquanto mudo o foco
da conversa, e a distraio.
- Emma! Pare com tudo isso agora.
O meu marido me abandonou e estou te dizendo que não sei porque, enquanto você
desconfia que estou mentindo ao invés de me apoiar nesse momento. - Disse
alterando a minha voz, tomara que tenha acreditado, até eu me achei
convincente!
- Desculpe querida, ser uma
mulher abandonada não deve estar sendo fácil. - isso! Ela parece ter
acreditado, amém meu Deus por isso. Ainda não está na hora de revelar os
detalhes da minha vida com Nicholas, vida essa que não durou quase nada, alguns
dias, eu devo ser a mulher da cidade abandonada mais rápido.
- Na verdade, esta sendo ótimo.
Salvo quando você me lembra que sou casada.
- Me desculpe, prometo não
importunar-lhe mais com estes assuntos. Gostaria de sair e ver o que está
acontecendo?
- Acho que vou ficar aqui e ler
um pouco a minha bíblia, prefiro não conhecer o herege que ousa interromper o
louvor desses anjinhos que cantam animosamente. Posso cometer uma loucura! -
ama riu do meu humor negro, e saiu para matar a curiosidade.
Eu, Alice Jackson Morgenstern, estou
definitivamente inconformada com a falta de noticias dele, deve pensar que sou
uma idiota qualquer que ele casou, beijou e abandonou! Querido marido, não vai
ficar por isso mesmo, mas sou paciente e esperarei você retornar ao lar e me
vingarei desta humilhação.
Ass: Yasmin Oliveira!
O Diário de Alice Jackson Part. 4
Acordei me sentindo totalmente
feliz, agora sou uma mulher, ele ainda estava deitado e aconchegado a mim. Abri
os olhos e olhei para Nicholas, e que coincidência saber que ele também me
observava. - A quanto tempo esta acordado?
- A verdade é que eu acordei bem
cedo e me debruçei no parapeito da janela enquanto via o sol nascer na encosta,
sabe a minha mulher me disse que era como ver o paraíso e acho que ela pode
estar certa. Foi a vista mais bonita que já vi.
- Parece que a sua mulher
realmente entende tudo de lugares bonitos! - disse continuando a se referir a
mim na terceira pessoa - risos.
- Mas não resisti a voltar para a
cama e dormi de novo, tem pouco tempo que despertei.
- Já está tarde?
- Ainda temos tempo... - falou
bem baixinho, quase como um suspiro deixando o final para representar
fisicamente e não em palavras, talvez elas não fossem suficientes, ele chegou
bem perto e apenas encostou a sua boca na minha - na hora pensei que iria
engravidar sabe, foi o que pensei de imediato, mas o padre também disse que era
permitido esse prazer carnal apenas para os casados, e eu sou casada então eu
posso - eu ja vi meu pai encostar os lábios nos de minha mãe e foi tão suave
quanto, pensando bem foi agradável. Eu não sabia como reagir, sem perceber
estava fazendo biquinho e franzindo o cenho.
- Foi tão ruim assim? - perguntou
um pouco preocupado, eu suspirei e respondi - Na verdade não foi isso, eu só
não sei como...como...
- Como?
- Como reagir!
- Ah! Tente apenas retribuir.
- Retribuir?
- Er... Beije de volta. - esse
era o nome: beijo. Parecia bastante óbvio a resposta, beijar de volta.
- Ok, acho que entendi. Tente de
novo. - e então eu fiz biquinho, mostrando que estava pronta, ele riu
entretanto me beijou e inicialmente com a mesma doçura de outrora, todavia eu
não sei explicar o que aconteceu depois o beijo pareceu de alguma forma ficar
mais intenso e com mais sentimento, se é que essa pode ser a classificação
adequada para o que quero dizer, parecia que eu estava comendo o pão doce recém
saído do forno da Emma, doce mas quente - ficando talvez quente
demais - mas eu retribuía e me sinto envergonhada em dizer isso, eu nem o
conheço, mas ele é meu noivo. Me afastei dele o mais suave que pude, estava
arfando. Tomei fôlego e disse - Desculpe, estou confusa demais. O que foi isso
tudo? - ele conseguiu sorrir apesar de também respirar com dificuldade.
- Um beijo. - falou como se
tivesse sido a coisa mais natural do mundo e pode até ser para ele todavia eu
não estou habituada a esta sensação.
- Não, não foi só um beijo. Quer
dizer não que seja uma especialista no assunto, enfim é sempre assim? - falei
colocando o meu braço para impedi-lo de levantar da cama, entretanto a minha
atitude não foi bem interpretada como o esperado, porque o nosso contato pele
com pele parecia que ia nos fazer explodir - e eu nem sei quem é a pólvora e
quem é o fogo - fomos chegando cada vez mais perto e... Quase nos beijamos se
não fosse minha ama ter batido na porta e dito o desjejum esta sendo preparado,
com o susto tive um sobressalto e me afastei a uma distancia segura. Nicholas
me olhou nos olhos, pegou nas minhas mãos e me trouxe para mais perto e
finalmente se pronunciou - Nem todos tem isso, o que esta acontecendo é o que
eu chamo de compatibilidade de corpos. Como se em outra vida os nossos corpos
já se conhecessem e carregamos isso para outra vida!
- Acredita mesmo nisso?
- Acredito Alice, tem uma
explicação melhor?
- Não tenho, mas pensarei em
algo.
- Enquanto você pensa vou ver
como eles estão se saindo. - acenei que sim com a cabeça, me levantei e fui ao
banheiro, Nicholas provavelmente iria trocar de roupa e eu não presenciaria
esta cena. Aproveitei e tomei um banho demorado apreciando cada segundo de
limpeza e quando sai - coberta é claro - ele ainda estava lá, trocado de roupa
é claro, o que não compreendi. Fingi não me importar, todavia não me agradava
Nicholas me observar daquela maneira - como se tivesse olhando para um pedaço
de carne - escolhi um vestido qualquer da minha mãe um com estampa florida bem
discreta - agradecida - voltei para o banheiro e me troquei, mas claro que não
consegui abotoa-lo, sai e pedi ao profissional - Se importa? - e novamente ele
delicadamente abotoou, dessa vez demorando-se mais - e bom, ele acariciou
minhas costas - fui nas nuvens e voltei - e lógico que fiquei arrepiada por
completo.
Sentei defronte a penteadeira e
arrumei o meu cabelo com uma trança, o que demorou um bocado, e Nicholas
continuava ali me esperando, não entendi nada. - Achei que fosse ver se seus
amigos estavam confortáveis! - indaguei curiosa.
- Decidi te esperar. - terminei a
maldita trança e descemos, ele fez questão de caminhar de mãos dadas, me parou
no meio da escada e disse - Não quero que converse com ninguém sobre o que
acontece entre nós, nada. Não quero que ninguém saiba nem mesmo as coisas mais
frívolas. - ele foi um pouco agressivo, admito que fiquei com um pouco de medo
e me ocorreu que ele me esperava para isso, todavia não sei nada da vida dele,
nem tenho o que dizer.
- Eu não sei nada sobre você,
acho que não tem o que temer.
- Acredite Alice, o que você tem
já é o suficiente. Tenho inimigos muito poderosos, e quanto menos souber melhor
para a sua segurança. Então você não vai contar nada nem mesmo para Emma, eu
sei que ela é sua ama, sua mãe e melhor amiga, acredite eu entendo tudo isso.
Mas se descobrir que desobedeceu uma ordem tão simples quanto essa... Acredite,
será melhor se você não tentar descobrir. - falou fazendo uma cara feia de mau,
tentei fingir que não estava em frangalhos de medo depois da ameaça, graças ao
meu bom Deus não transmiti nenhuma emoção que me colocasse em desvantagem e com
a mesma petulância retruquei - Quando a Emma perguntar, e ela vai perguntar,
posso pelo menos dizer que dormimos a noite toda porque ontem foi um dia longo?
E que me beijou pela manhã? - ele pareceu ponderar.
- Façamos o seguinte, eu não
quero que sua ama saiba que te pedi para não contar nada para ninguém, não
seria gentil se parecer que a estou excluindo da sua vida. Logo toda vez que
precisar contar algo para ela, primeiro converse comigo e se não houver nada
com que tenha que temer... Tudo bem, a propósito não vejo nenhum problema,
apenas conte como se fosse algo normal e nada de detalhes.
- Como preferir. - foi a minha
resposta educada. Descemos de mãos dadas e todos os presentes na casa nos
observavam, servi-lhe o café da manhã e depois todos puderam comer - inclusive
eu que descobri estar faminta. Muitas coisas para pensar, esse homem é muito
misterioso e não nego que entro em palvoroso só de pensar nas coisas terríveis
que posso encontrar, e no lado negro dele exposto na descida da escada.
Apavorei-me. Preciso estar preparada para reagir contra esse homem caso
precise, não vou deixá-lo me surpreender, e não posso pedir ajuda. Estou
sozinha nessa.
Ass: Yasmin Oliveira!
O Diário de Alice Jackson Part. 3
A cerimônia acabou tarde, estava
exausta. Me dirigi ao meu antigo quarto, muito arrumado - sou um pouco
compulsiva com limpeza, ok, talvez muito - mas o importante é que eu tinha me
esquecido por um minuto que agora sou uma mulher casada e não a garota durona
que assumiu a fazenda da família. Fiquei paralisada, com medo, o futuro parecia
tão incerto. E de repente senti uma mão acariciar de leve o meu ombro, como se
quisesse chamar a minha atenção - ok, todo mundo já imagina quem é, inclusive
eu - me virei bem devagar enquanto ouvia a sua voz dizer suavemente - Sabia que
te acharia aqui!
- E-eu - gaguejei ridiculamente -
eu acho que não estou no quarto certo, deve ser o cansaço. - me forçei a dizer,
sem conseguir não franze o cenho. Ele sorriu da minha patética confusão,
idiota!
- Achei que estava fugindo de
mim, mas já que você conseguiu explicar tudo de maneira tão clara... - disse
sarcasticamente deixando a frase morrer sem concluir - ai que ódio, quem ele
pensa que é? Eu sai do quarto e fui caminhando em direção a casa principal
apressadamente, ele correu até me acompanhar - Se ofende tão fácil.
- E o senhor tem uma enorme
dificuldade de conversar com uma dama, milord!
- Ai-ai! - ele suspirou e depois
disso não ouvi mais a sua voz. Subimos para o quarto que ficava a norte da
casa, mas tinha uma janela que ficava a leste e eu poderia ver o sol nascer na
encosta tão distante, sentei e sorri ao imaginar acordar com aquela paisagem
esplendorosa, o nascer do sol em sua magnânima forma, perdoando a noite pelo
frio. Nicholas me viu sorrir e pela expressão em seu rosto não entendia o
porque eu estava sorrindo - havíamos brigado, pelo que ele deve ter considerado
uma idiotice completa - entretanto respondi a pergunta silenciosa - Quando era
muito pequena eu acordava bem cedo para poder entrar escondido dos meus pais no
quarto deles e amanhecer o dia debruçada no parapeito da janela e vislumbrar o
sol nascendo nesta paisagem pitoresca, a sensação é de que... Você está vendo
um pedaço do paraíso, entende? - Ele acenou que não, mas não me contive e
continuei desta vez de pé e não sentada, fazendo gestos para complementar o que
dizia - Eu sei que não, mas parece que o sol se esconde atrás daquela encosta
mais a longe, pode ver? - mostrei na janela - meu pai uma vez me levou lá para
ver se tirava essa teoria louca da minha cabeça e o que posso dizer? Ele me convenceu,
ficamos acampados lá dois dias e eu descobri que o sol não se escondia na
encosta. Foi um de nossos melhores momentos, mas você precisa ver o sol
nascendo nesta janela. Parece que a luz dissolve toda a tristeza que esta
paisagem pudesse oferecer. Simplesmente amo essa vista! - e sorri timidamente,
quase um suspiro. Nicholas apenas me observava, nada mais fazia além de me
observar e pensar. Decidi procurar uma camisola para dormir, escolhi uma
simples - não necessariamente por timidez e sim porque sou uma garota simples
como disse anteriormente, não gosto de muitos adornos - ele aproximou-se e
desabotoou o meu vestido como se tivessemos intimidade para isso, como se não
fosse a nossa primeira noite - subiu um arrepio na minha nuca, me contive o
máximo que pude, ele estava sendo tão delicado. Quando acabou saiu e me deixou
me trocar com privacidade - para o meu alívio - depois quando voltou entrou no
banheiro e pelo barulho tomou um banho saiu coberto mais não vestido, escolheu
uma roupa e se vestiu ali mesmo, óbvio que quando vi que ficaria nu me deitei
logo e fechei os olhos, afinal eu sou uma dama e não estou acostumada a
observar a nudez de homem algum - fui criada por Emma para ser uma lady, e a
minha educação religiosa também contribuiu muito como já mencionei
anteriormente, se o padre pudesse conversar comigo neste exato momento aposto
como diria que estou sendo boba, pois sou uma mulher casada e ele o meu marido,
mas não pude me impedir de corar.
Ele deitou-se ao meu lado, nos
cobriu e bem devagar apriximou-se, suavemente colocou a mão na minha cintura e
deslizou pela minha barriga - gelei instantaneamente, mas não me movi -
controlei a minha respiração e relaxei, quando pensei que já podia dormir
Nicholas encostou-se atrás de mim e aproximou a sua boca do meu ouvido, disse -
Boa noite Alice Morgenstern! - e não disse mais nada, tão pouco realizou outros
movimentos mais ousados, minutos depois pude perceber que havia dormido.
Deveria estar muito cansado da viagem, sem falar dessa festa de casamento surpresa,
tudo nesse dia foi intenso. Então é isso que um casal faz a noite? Eles se
abraçam e dormem juntinhos? Eu gostei disso, parece tão certo - não que eu
entenda de casamentos, todavia me sinto mais mulher depois da minha lua de mel.
Será que amanhã vou me sentir mais madura? Serei chamada agora de senhora
Morgenstern, é imponente, gosto disso. Parece que o sono também está me
dominando então boa noite seja lá quem for que se interesse pela vida de uma
garota como eu, quer dizer agora sou uma mulher completa.
Miss. Morgenstern.
Ass: Yasmin Oliveira!
O Diário de Alice Jackson Part. 2
Passamos o dia todo arrumando
aquela maldita casa principal - e graças à Deus eu já a vinha conservando -
porque é a casa que a minha mãe viveu em matrimônio com o meu pai e em
adultério com o meu tio ou pai biológico, nem sei a verdade. No meio de tudo
isso, eu nem sabia mais o que pensar. Estava com medo. Muito medo. Para começar
eu nunca vi um homem sem roupa, nunca mesmo, e eu nunca beijei um homem - o
padre diz que é o pior pecado existente, o da fornicação, e uma mulher pode
engravidar em apenas um beijo - eu sempre fui católica praticante, sempre achei
que a pureza da mulher fosse o essencial, e suas virtudes seriam reveladas a
partir daí. Não que eu tivesse tempo para namoricos, sempre assumi as
responsabilidades da fazenda, já que o meu pai transformou-se em um bêbado
inveterado. Enfim, a diferença entre mim e uma freira é a batina.
A tarde Emma veio me chamar para
servir o almoço e eu disse que iria assim que terminasse de arrumar o leito que
outrora fora de meus pais e que agora seria meu e de um desconhecido,
entretanto eu arrumaria tudo e ficaria perfeito. Continuei a arrumação até que
minha ama veio me chamar - Alice, o seu noivo disse que só almoça se você
serví-lo, e não deixou ninguém comer até que ele coma. Melhor se apressar minha
menina, se não esses homens vão derrubar a cozinha! - sinceramente aquele homem
esta me tirando todo o bom censo, mas é o meu noivo e como diz o padre Laurent
"uma mulher deve sempre ser submissa as vontades de seu marido" no
meu caso noivo. - Claro ama, vou agora mesmo! - fui e o servi, quando tentei
servir os outros ele disse - Não, a partir de hoje você só serve a mim. - fiz
uma reverência e saí para continuar com minhas obrigações.
Terminei de arrumar o quarto,
devo dizer que as cortinas bordadas em tons claros de rosa formando rosas -
risos - ficaram lindas, combinando com o forro da cama e fronhas, a mobília
estava bem conservada, e depois de polida ficou majestosa, o tapete então? Ah!
ficou lindo. Eu estava perdida em pensamentos, nem vi que alguém havia entrado
no quarto até ouvir a sua voz - Nossa! - era ele, Nicholas! - Parece que alguém
teve um trabalhão para deixar esse cômodo perfeito. - me esforcei para não
demonstrar meu sobressalto, quase consegui, se não fosse a minha postura
rígida. Ele percebeu; se assim não o fosse não teria estampado um sorrisinho de
canto de boca - nada presunçoso por sinal - e já que ele havia percebido
resolvi assumir - Espero que não costume andar nas pontas dos pés que nem
ladrão, ou meu coração não aguenta!
- E espero que não se assuste
sempre com besteira, ou não vou poder fazer muito. - devolvido na mesma moeda,
ele deve pensar que isso é um jogo, homens.
- Gostou? - apontei para uma
parede qualquer do quarto.
- Sim, está muito bonito e
virginal se me permite completar. - eu ri, muito delicado da parte dele tentar
não escandalizar uma "moça de família" - como Emma se referiu a mim -
com a palavra virginal.
- Agora que já caçoou o bastante,
devo dizer que o padre já chegou e que deve-se preparar. - apenas fiz que sim
com a cabeça e abri o guarda-roupa da minha mãe com os mais lindos vestidos, e
peguei o do seu casamento, ele era perfeito. Muito singelo devo dizer, sem
camadas e supérfluos bufantes, o caimento era simples mas muito gracioso, cheio
de detalhes desde o bojo até a cintura e as mangas longas eram de renda e não
me fariam suar. Poderia ficar horas falando da beleza do vestido de casamento
mais bonito que já vi, estava tão imersa em meus pensamentos que nem o vi sair
mas ouvi minha ama entrar. Me preparei, coloquei o vestido e Emma arrumou
o meu cabelo e colocou o chapéu que foi da minha mãe- como disse, sem exageros
- o que muito me agrada.
Desci as escadas da casa e todos
da cidade estavam lá, eu não sei como eles descobriram e como ou porque havia decoração
de casamento e comida de casamento na parte sombreada de fora da casa, eu
fiquei tão emocionada que me controlei para não chorar, só podia ser obra de
Emma. A olhei no fundo dos olhos, a mulher que me criou - Isso tudo é obra sua!
- tentei ser severa e falar como se fosse uma acusação, todavia não obtive
êxito.
- Quando mandei o Tomy ir a
cidade chamar o padre, mandei também que convidasse o povo para o seu casamento
e que cada um trouxesse uma comida ou não participaria da festa.
- E mesmo assim eles todos
vieram.
- Você sabe que muitos deles lhe
tem muito afeto, e os outros não suportariam não participar da fofoca da
semana.
- Você tem razão ama. - e a
abracei apertado, a minha velha ama, com quem sempre poderia contar. Ela estava
muito bonita, com um vestido cor de pêssego que usava apenas em ocasiões
especiais e me levou até o altar - já que era a única responsável por mim
- e me tornei Alice Jackson Morgenstern. Dá para acreditar? Nem sei o que
esperar da minha vida de casada só quero que não seja igual a dos meus pais,
não vou trair e nem quero ser traída. Mas o meu casamento não foi realizado na
base do amor e sim de um contrato...Estou perdida e não sei o que pensar, no
entanto vou aproveitar a minha festa de casamento e o resto deixarei para
quando acontecer, não vou antecipar sofrimento!
O homenzarrão - que mais tarde na
festa descobri que se chamava Jonathan - me convidou para dançar, é claro que
com a permissão do meu marido, e dançamos. Admito que para um homem daquele
tamanho ele dançava divinamente, dancei com o Nicholas cara a cara, corpos
próximos. Este homem me fascina! E devo admitir que o chamar de meu marido não
é tão ruim assim.
Ass: Yasmin Oliveira
O Diário de Alice Jackson Part. 1
Adoro a sensação da brisa suave
no meu rosto, parece que tudo desaparece quando sinto aquela sensação, e que
sensação, devido ao calor para mim até o mais simples vento é motivo de
regozijo. Que verão terrível este, e o pior é que estou sozinha na
administração da pequena fazenda da minha família - comparada a de grandes
fazendeiros - mas a terra é bem fértil, o outro problema é o número reduzido de
empregados. Mas eu não reclamo da vida que levo, na verdade eu a abraço com
carinho. Sou uma garota simples, e sinto prazer em coisas simples. O meu
dia tem sido calmo, eu acordei de manhã e com a minha ama fomos fazer o café da
manhã para tomar com mais quatro empregados, comemos pão fresco com leite
e começamos com os afazeres do dia. Muita coisa pra fazer na fazenda e muita
gente cobrando dívidas que eu não fiz - e sim ele. Muitas
vezes isso me aborrece, entretanto não me abalarei ele não
merece nem isso. Ser fétido em espirito.
Como ia dizendo antes de
pensamentos irados, tudo seguia seu caminho como sempre - não nego que a minha
vida é dificil mas creio que Deus jamais me daria uma carga que não pudesse
suportar. Estava refazendo uns cálculos - coisa que faço muito pela manhã enquanto
o sol está dando a maior festa, e a tarde vou supervisionar o trabalho dos
empregados na plantação - quando ouvi muito barulho. Eu tenho certeza que tem
gente gritando, ouvi cavalos trotando a toda velocidade, barulho de tiro? Sim,
sim ouço barulho de tiro e penso "meu Deus, o que faço?" e talvez não
tenha tomado a decisão mais sensata - eu admito foi uma péssima idéia - mas fui
lá fora colocar ordem na minha fazenda. Quando sai vi o maior caos, os
empregados estavam correndo, tentado proteger-se de homens montados em cavalos,
muito bem vestidos, e definitivamente de fora da cidade. E tinha um deles que
era simplesmente divino, bronzeado - e quem não era com esse maldito verão que
mais parece o inferno - olhos azuis, cabelos negros, e com certeza o "manda-chuva",
o resto - o bando - tinha mais umas cinco pessoas armadas e sem nenhum pudor em
atirar a luz do dia, a coisa ficou feia. Todavia reuni força interior e fui
enfrentar as feras.
Caminhei elegantemente, sem me
intimidar, com aquela minha típica expressão de desafio e disse - Quem é o
líder? - e claro o lindo principe de olhos azuis respondeu - Eu meu bem,
em que posso ser útil?
- Que tal tirando o seu traseiro
junto com o dos seus comparsas? - os idiotas começaram a gargalhar e tirar
sarro dele, mas o mesmo também riu sedutoramente o que não pode significar boa
coisa.
- Pensei que fosse católica
praticante.
- Acho que isso não é da sua
conta, mas só para esclarecer católicas falam traseiro. Como também falam que
seus amiguinhos são uns idiotas. - na hora eles pararam de rir e seguraram com
mais firmeza a arma, um deles até a mirou em mim, não me importei mas a minha
ama - Emma - ficou na minha frente como se fosse me proteger, eu a empurrei de
volta ao grupo dos empregados que estavam agrupados dentro da casa tremendo de
medo, e não os culpo, são gente que trabalha no campo não pistoleiros.
- Muita ousadia a sua de
falar dessa maneira milady!
- Discordo, muita ousadia a
sua entrar dessa forma na minha fazenda e sem a minha permissão!
- Mas eu não preciso da sua
permissão, essa terra me pertence.
- Prove! - foi a única coisa que
consegui pronunciar com o medo crescendo dentro de mim, de que fosse uma
realidade, mas disse aos gritos.
- Com todo prazer - ele desceu do
cavalo e o amarrou no pilar de madeira da casa principal e veio em minha
direção que estava numa das casas secundárias (que é onde fica o meu
escritório) a leste da casa principal, e o maldito tinha uma espécie de bolsa
masculina, bem rústica que veio abrindo no meio do caminho e tirou de lá uns
papéis e continuou a falar - achei que não perguntaria nunca.
- Do que se trata estes papéis?
- O seu pai me passou todos os
seus bens, inclusive você querida. Alice Jackson; parece que você agora me
pertence! - e entregou aquela papelada e estava tudo certo, os papéis diziam a
mesma coisa e haviam sido autenticados por dois tabeliões, um da capital e o
outro daqui mesmo - foi o sr. Dick, e pela data isso tem tempo; meu pai já saiu
daqui de caso pensado e me vendeu - o sr. Dick nunca me disse nada e meu pai me
vendeu como se fosse uma mercadoria e não a sua filha. Depois que mamãe foi
embora fugida com o irmão mais novo do papai a nossa relação nunca mais foi a
mesma, todos dizem que eu me pareço com o outro, e que meu pai não é meu pai.
Então sim, eu acredito que ele faria isso comigo e disse - Não precisava fazer
tanta algazarra se só iria tomar o que lhe pertencia. Entretanto fique a
vontade para tomar posse de tudo o que lhe pertence, só lhe peço um favor,se
encontrei graça em seus olhos, que não despeça os empregados porque estes vivem
aqui desde muito pequenos e outros nasceram aqui, e amam esta terra tanto
quanto eu. - enquanto eu falava não me envergonhei, nem abaixei a minha cabeça
para ninguém, fui firme mas muito menos arrogante, e eles riram de mim e
falaram "parece que alguém esta aprendendo o seu lugar" ou "isso
mesmo querida, continue com o rabinho entre as pernas" e pior "Vamos
Nicholas, mostra quem manda!", eu os odiei cada segundo que me
ridicularizarão - e teria que pedir perdão à Deus mais tarde por isso - mas por
hora me senti feliz em saber o nome do principe de olhos azuis...Nicholas,
bonito, altivo e combinava com ele, foco, foco, foco Alice... Ele é o bandido.
- Estou surpreso - disse
interrompendo os meus pensamentos - não vai pedir por você?
- Como se fosse adiantar pedir
algo para mim, se sei que só me concederá o que quiser conceder.
- Tem razão, e digo que algumas
coisas não irão mudar. Você continua no comando da fazenda, os empregados
continuam como estão e eu preciso de um bom lugar para os meus amigos e claro,
os nossos cavalos. Prepare também o nosso leito. - Emma ficou desesperada,
estava atrás de mim e eu senti a sua tremedeira e palpitação, não conseguiu se
segurar e desembuchou - A minha menina é moça direita e nunca deitou-se com
homem algum. Não a quero mau falada. Sei que não será custo nenhum o padre vim
aqui e dar a sua benção, assim a minha menina não estará em pecado. Lhe suplico
milord misericórdia neste intento, Alice Jackson é moça de família, direita e
não merece o pai que tem ou teve, nem sabemos de sua vivência há mais de cinco
anos, seja benevolente. - ele pareceu pensar, virou-se para os rapazes e
perguntou em voz alta - O que pensam a respeito do pedido desta senhora que
clama pela virtude de sua menina? - o rapaz que apontou a arma para mim
disse - Se essa garota possui virtudes, com certeza a sua arrogância já a
corrompeu.
- Cala a boca, Skinner - disse um
homenzarrão forte - eu concordo com o que a senhora disse, além do mais não vai
custar nada ele vim aqui, abençoar e ir embora! - os outros pareceram concordar
- Então temos um consenso. Mande
o padre vim. - e então tudo pareceu um borrão, os preparativos que organizei na
casa principal - jamais habitada desde a partida de minha mãe - e a ajuda que
prestei foram feitos sem a minha total presença, apenas uma parte de mim
executava-os. O resto de mim perambulava a esmo, sem saber o que procederia da
minha vida e com muito medo de descobrir!
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