quarta-feira, 30 de maio de 2012

O Diário de Nicholas Morgenstern part. 6.


 Nicholas Morgenstern

Será que assustei Alice? Se sim, consegui o esperado. Foi só o que pensei, eu tenho coisas para resolver e não quero ter que me preocupar em dissimular até com minha mulher, só não posso informá-la de tudo - seria tão perigoso quanto. Depois do desjejum fomos para a cidade e fui conversar com o sr. Dick. Meus companheiros insistiram em entrar apesar de minha má vontade - não estava muito para platéia, era algo mais particular - no entanto eles jamais me permitiriam esse momento.
- Nicholas? O que fazes aqui?
- Acho que sabe muito bem Dick, eu vim cobrar uma dívida.
- Dívida? - perguntou um tanto inseguro, olhando para meus amigos, facilmente confundidos com capangas; ele praticamente tremia. Me controlei para não rir, Dick parecia um pardal assustado; não, que não tivesse motivo.
- Sim, eu preciso que cumpra com sua palavra. Preciso que me diga onde o maldito do Jackson está.
- De qual Jackson estamos falando? Porque eu conheço quatro.
- Estou falando de Elliot Jackson, não haja como se não soubesse.
- Eu não sei onde ele está. - tirei uma faca do bolso e me aproximei dele, coloquei a faca em seu pescoço e educadamente continuei o diálogo.
- Melhor que não grite ou posso fazer uma besteira - disse enquanto pressionava cada vez mais a faca em sua garganta, mas não o suficiente para ferí-lo, a princípio queria apenas assustá-lo a menos que houvesse a necessidade de alguma medida mais drástica - E se não cooperar posso fazer uma besteira maior ainda, espero que agora tenha uma resposta mais adequada - o Skinner riu e disse algo do tipo "depois desse seu olhar sanguinário, você sabe que eles sempre têm" e Jonathan concluiu "é melhor que tenham", essa conversa paralela assustou ainda mais o sr. Dick, percebi que o mesmo logo teria uma síncope então me afastei e o dixei respirar, e continuei - Já tem uma resposta satisfatória sr. Dick? - Ele apenas escreveu um endereço em um pedaço de papel e disse para nunca mais visitá-lo, o que não depende da vontade dele e sim da minha, todavia deixaria como está, por enquanto.
Preciso seguir esta pista enquanto está fresca, fui até a fazenda, Alice tinha ido ajudar na plantação e ama estava muito ocupada no forno, arrumei minhas coisas e fui embora. Até pensei em deixar um bilhete, entretanto não serviria de nada, pois não poderia colocar nada além de tive que ir, não podia dizer meu destino, nem quando voltaria, nem eu sei! Ela vai ficar melhor sem um bilhete que demonstre que eu me importe, odeio ilusões, logo não as transmitirei a ninguém. A poeira da estrada castigava meus olhos e o calor era intenso a essa hora da tarde, mas eu só conseguia pensar em uma coisa: eu precisava achar Elliot e Maryse, era importante.
O que será que está passando na cabeça de Alice? Será que está com raiva? Espero que seja fácil amansar a fera quando voltarmos, no entanto o importante agora é achar os pombinhos e contar que a vida de Alice está em perigo. Estou preocupado, e preciso saber se o plano deles de fugir deu certo e porque eu não podia saber de tudo, estou com um nó na cabeça e cansado demais para continuar a cavalgar, além do fato de já ter escurecido. Fiz sinal para Jonathan e ele repassou as ordens de parar, todos precisamos comer e de um merecido descanso, pois amanhã tem mais.
Paramos num vilarejo sem nome, fomos numa taberna bebericar e matar a fome. Acampamos fora da cidade, como sempre fazíamos, não digo que estava com saudades de dormir com um bando de macho que não cheira tão bem quanto a minha Alice, entretanto gosto de sentir a natureza e dormir no relento, me faz me sentir mais livre, sem barreiras. Dessa vez, o sentimento não é bem esse. Há algo diferente, não me sinto tão livre; na verdade me sinto preso a ela e a àquela maldita paisagem da janela - só Alice para me deixar insone por causa de uma maldita encosta, e insone por pensar nela! A minha Alice Morgenstern. Argh! Como essa garota consegiu me deixar desse jeito? Se eu contar isso pra os meus amigos eles vão rir, parece que finalmente uma mulher mecheu comigo, talvez mais do que fisicamente - isso me preocupa - eu tenho uma missão e não vou me desviar dela, não posso.

Ass: Yasmin Oliveira!

O Diário de Alice Jackson part. 5


Alice Jackson Morgenstern

 
Não há nada que me estimule mais do que um desafio. Eu não sei se interpretei bem mas o Nicholas estava me desafiando a desobedecê-lo e isso é estimulante, pretendo pirraçá-lo a primeira oportunidade. O dia seguiu-se como normalmente seguiria - meu marido e seu bando foram a cidade, muito bem vestidos como sempre - não voltaram para o almoço, Emma fez um ensopado delicioso e contando com a presença deles exagerou na quantidade, e os abnegados não deram nem satisfação. Gerenciei os empregados na plantação e dei uns cascudos no Tomy, que garoto peralta! Quando já estava para anoitecer, voltei ao meu antigo quarto - porque não entraria na casa principal toda suja de terra - tomei um banho longo e relaxante me arrumei com um de meus vestidos preferidos - estou de bom humor - e fui ajudar minha ama, o ensopado foi misturado a uns tempêros e foi levado a mesa com o pão que já não estava tão fresco. Comemos muito bem e ainda sobrou muito devo dizer, e nada deles chegarem, todos fomos brincar de imitar, de advinhar, e de tantas outras brincadeiras; até que ficou tarde e fomos dormir. Assim se passou a semana, neste mesmo ritmo calmo - voltei a dormir em minha cama, a usar as minhas roupas. No domingo todos da fazenda se arrumaram e fomos à missa, sempre pontuais chegamos cedo e sentamos nas primeiras fileiras, o culto começou e os louvores das crianças estavam cada vez melhores - me ocorreu que um dia seriam os meus filhos ali, Nicholas me beijou eu posso já ter engravidado - imagino meus filhos e o de Nicholas cantando no coral da igreja...Ah! Nada mais perfeito. Tudo no culto parecia primoroso até que ouviu-se o som de cornetas anunciando a chegada de com certeza alguém ilustre e egocentrico - vamos concordar que não se atrapalha um culto, a menos que se ache mais importante que Deus, o que essa criatura deve pensar? todos sairam da igreja, menos eu e Emma, até o padre foi ver o que atrapalhava a sua missa e repreendê-lo. Eu e Emma olhamos uma nos olhos da outra e suspiramos não iríamos prestigiar seja lá quem estivesse chegando, não havia sentindo sair da missa por qualquer que fosse o motivo, fomos até o altar e fizemos nossas orações, nos sentamos no banco e Emma pela primeira vez na semana tocou no assunto proibido - Em algum momento você vai me contar o porque seu marido foi embora?
- Eu já disse que não sei ama!
- Pra mim você está escondendo o que está acontecendo. - o que de certa forma é verdade, ainda estou seguindo as instruções de Nicholas, mas não será para sempre, não ficarei sob o jugo dele.
- Ama... Eu não estou mentindo, não sei porque ele foi embora, já disse que sei tanto quanto você. Me faça qualquer pergunta e responderei com a verdade.
- O que aconteceu na sua noite de núpcias?
- Nós fomos para o quarto, ele me ajudou a desabotoar o vestido, saiu, eu me troquei, ele tomou banho e dormimos. Nada de especial. - já estava quebrando as regras tendo que dar detalhes, ops!
- E ele não te disse nada?
- Disse boa noite.
- Só boa noite.
- Boa noite Alice Morgenstern, nada demais não acha?
- Entendo, e pela manhã?
- Ele me beijou, nos arrumamos e fomos tomar café da manhã.
- Só isso?- Emma sabe quando estou mentindo então vou ter que soar bastante convincente enquanto mudo o foco da conversa, e a distraio.
- Emma! Pare com tudo isso agora. O meu marido me abandonou e estou te dizendo que não sei porque, enquanto você desconfia que estou mentindo ao invés de me apoiar nesse momento. - Disse alterando a minha voz, tomara que tenha acreditado, até eu me achei convincente!
- Desculpe querida, ser uma mulher abandonada não deve estar sendo fácil. - isso! Ela parece ter acreditado, amém meu Deus por isso. Ainda não está na hora de revelar os detalhes da minha vida com Nicholas, vida essa que não durou quase nada, alguns dias, eu devo ser a mulher da cidade abandonada mais rápido.
- Na verdade, esta sendo ótimo. Salvo quando você me lembra que sou casada.
- Me desculpe, prometo não importunar-lhe mais com estes assuntos. Gostaria de sair e ver o que está acontecendo?
- Acho que vou ficar aqui e ler um pouco a minha bíblia, prefiro não conhecer o herege que ousa interromper o louvor desses anjinhos que cantam animosamente. Posso cometer uma loucura! - ama riu do meu humor negro, e saiu para matar a curiosidade.
Eu, Alice Jackson Morgenstern, estou definitivamente inconformada com a falta de noticias dele, deve pensar que sou uma idiota qualquer que ele casou, beijou e abandonou! Querido marido, não vai ficar por isso mesmo, mas sou paciente e esperarei você retornar ao lar e me vingarei desta humilhação.

Ass: Yasmin Oliveira!

quarta-feira, 16 de maio de 2012

O Diário de Alice Jackson Part. 4

 Créditos- Photographer- Jose Luis Tabueña


Acordei me sentindo totalmente feliz, agora sou uma mulher, ele ainda estava deitado e aconchegado a mim. Abri os olhos e olhei para Nicholas, e que coincidência saber que ele também me observava. - A quanto tempo esta acordado?
- A verdade é que eu acordei bem cedo e me debruçei no parapeito da janela enquanto via o sol nascer na encosta, sabe a minha mulher me disse que era como ver o paraíso e acho que ela pode estar certa. Foi a vista mais bonita que já vi.
- Parece que a sua mulher realmente entende tudo de lugares bonitos! - disse continuando a se referir a mim na terceira pessoa - risos.
- Mas não resisti a voltar para a cama e dormi de novo, tem pouco tempo que despertei.
- Já está tarde?
- Ainda temos tempo... - falou bem baixinho, quase como um suspiro deixando o final para representar fisicamente e não em palavras, talvez elas não fossem suficientes, ele chegou bem perto e apenas encostou a sua boca na minha - na hora pensei que iria engravidar sabe, foi o que pensei de imediato, mas o padre também disse que era permitido esse prazer carnal apenas para os casados, e eu sou casada então eu posso - eu ja vi meu pai encostar os lábios nos de minha mãe e foi tão suave quanto, pensando bem foi agradável. Eu não sabia como reagir, sem perceber estava fazendo biquinho e franzindo o cenho.
- Foi tão ruim assim? - perguntou um pouco preocupado, eu suspirei e respondi - Na verdade não foi isso, eu só não sei como...como...
- Como?
- Como reagir!
- Ah! Tente apenas retribuir.
- Retribuir?
- Er... Beije de volta. - esse era o nome: beijo. Parecia bastante óbvio a resposta, beijar de volta.
- Ok, acho que entendi. Tente de novo. - e então eu fiz biquinho, mostrando que estava pronta, ele riu entretanto me beijou e inicialmente com a mesma doçura de outrora, todavia eu não sei explicar o que aconteceu depois o beijo pareceu de alguma forma ficar mais intenso e com mais sentimento, se é que essa pode ser a classificação adequada para o que quero dizer, parecia que eu estava comendo o pão doce recém saído do forno da Emma, doce mas quente - ficando talvez quente demais - mas eu retribuía e me sinto envergonhada em dizer isso, eu nem o conheço, mas ele é meu noivo. Me afastei dele o mais suave que pude, estava arfando. Tomei fôlego e disse - Desculpe, estou confusa demais. O que foi isso tudo? - ele conseguiu sorrir apesar de também respirar com dificuldade.
- Um beijo. - falou como se tivesse sido a coisa mais natural do mundo e pode até ser para ele todavia eu não estou habituada a esta sensação.
- Não, não foi só um beijo. Quer dizer não que seja uma especialista no assunto, enfim é sempre assim? - falei colocando o meu braço para impedi-lo de levantar da cama, entretanto a minha atitude não foi bem interpretada como o esperado, porque o nosso contato pele com pele parecia que ia nos fazer explodir - e eu nem sei quem é a pólvora e quem é o fogo - fomos chegando cada vez mais perto e... Quase nos beijamos se não fosse minha ama ter batido na porta e dito o desjejum esta sendo preparado, com o susto tive um sobressalto e me afastei a uma distancia segura. Nicholas me olhou nos olhos, pegou nas minhas mãos e me trouxe para mais perto e finalmente se pronunciou - Nem todos tem isso, o que esta acontecendo é o que eu chamo de compatibilidade de corpos. Como se em outra vida os nossos corpos já se conhecessem e carregamos isso para outra vida!
- Acredita mesmo nisso?
- Acredito Alice, tem uma explicação melhor?
- Não tenho, mas pensarei em algo.
- Enquanto você pensa vou ver como eles estão se saindo. - acenei que sim com a cabeça, me levantei e fui ao banheiro, Nicholas provavelmente iria trocar de roupa e eu não presenciaria esta cena. Aproveitei e tomei um banho demorado apreciando cada segundo de limpeza e quando sai - coberta é claro - ele ainda estava lá, trocado de roupa é claro, o que não compreendi. Fingi não me importar, todavia não me agradava Nicholas me observar daquela maneira - como se tivesse olhando para um pedaço de carne - escolhi um vestido qualquer da minha mãe um com estampa florida bem discreta - agradecida - voltei para o banheiro e me troquei, mas claro que não consegui abotoa-lo, sai e pedi ao profissional - Se importa? - e novamente ele delicadamente abotoou, dessa vez demorando-se mais - e bom, ele acariciou minhas costas - fui nas nuvens e voltei - e lógico que fiquei arrepiada por completo.
Sentei defronte a penteadeira e arrumei o meu cabelo com uma trança, o que demorou um bocado, e Nicholas continuava ali me esperando, não entendi nada. - Achei que fosse ver se seus amigos estavam confortáveis! - indaguei curiosa.
- Decidi te esperar. - terminei a maldita trança e descemos, ele fez questão de caminhar de mãos dadas, me parou no meio da escada e disse - Não quero que converse com ninguém sobre o que acontece entre nós, nada. Não quero que ninguém saiba nem mesmo as coisas mais frívolas. - ele foi um pouco agressivo, admito que fiquei com um pouco de medo e me ocorreu que ele me esperava para isso, todavia não sei nada da vida dele, nem tenho o que dizer.
- Eu não sei nada sobre você, acho que não tem o que temer.
- Acredite Alice, o que você tem já é o suficiente. Tenho inimigos muito poderosos, e quanto menos souber melhor para a sua segurança. Então você não vai contar nada nem mesmo para Emma, eu sei que ela é sua ama, sua mãe e melhor amiga, acredite eu entendo tudo isso. Mas se descobrir que desobedeceu uma ordem tão simples quanto essa... Acredite, será melhor se você não tentar descobrir. - falou fazendo uma cara feia de mau, tentei fingir que não estava em frangalhos de medo depois da ameaça, graças ao meu bom Deus não transmiti nenhuma emoção que me colocasse em desvantagem e com a mesma petulância retruquei - Quando a Emma perguntar, e ela vai perguntar, posso pelo menos dizer que dormimos a noite toda porque ontem foi um dia longo? E que me beijou pela manhã? - ele pareceu ponderar.
- Façamos o seguinte, eu não quero que sua ama saiba que te pedi para não contar nada para ninguém, não seria gentil se parecer que a estou excluindo da sua vida. Logo toda vez que precisar contar algo para ela, primeiro converse comigo e se não houver nada com que tenha que temer... Tudo bem, a propósito não vejo nenhum problema, apenas conte como se fosse algo normal e nada de detalhes.
- Como preferir. - foi a minha resposta educada. Descemos de mãos dadas e todos os presentes na casa nos observavam, servi-lhe o café da manhã e depois todos puderam comer - inclusive eu que descobri estar faminta. Muitas coisas para pensar, esse homem é muito misterioso e não nego que entro em palvoroso só de pensar nas coisas terríveis que posso encontrar, e no lado negro dele exposto na descida da escada. Apavorei-me. Preciso estar preparada para reagir contra esse homem caso precise, não vou deixá-lo me surpreender, e não posso pedir ajuda. Estou sozinha nessa.

Ass: Yasmin Oliveira!

O Diário de Alice Jackson Part. 3



A cerimônia acabou tarde, estava exausta. Me dirigi ao meu antigo quarto, muito arrumado - sou um pouco compulsiva com limpeza, ok, talvez muito - mas o importante é que eu tinha me esquecido por um minuto que agora sou uma mulher casada e não a garota durona que assumiu a fazenda da família. Fiquei paralisada, com medo, o futuro parecia tão incerto. E de repente senti uma mão acariciar de leve o meu ombro, como se quisesse chamar a minha atenção - ok, todo mundo já imagina quem é, inclusive eu - me virei bem devagar enquanto ouvia a sua voz dizer suavemente - Sabia que te acharia aqui!
- E-eu - gaguejei ridiculamente - eu acho que não estou no quarto certo, deve ser o cansaço. - me forçei a dizer, sem conseguir não franze o cenho. Ele sorriu da minha patética confusão, idiota!
- Achei que estava fugindo de mim, mas já que você conseguiu explicar tudo de maneira tão clara... - disse sarcasticamente deixando a frase morrer sem concluir - ai que ódio, quem ele pensa que é? Eu sai do quarto e fui caminhando em direção a casa principal apressadamente, ele correu até me acompanhar - Se ofende tão fácil.
- E o senhor tem uma enorme dificuldade de conversar com uma dama, milord!
- Ai-ai! - ele suspirou e depois disso não ouvi mais a sua voz. Subimos para o quarto que ficava a norte da casa, mas tinha uma janela que ficava a leste e eu poderia ver o sol nascer na encosta tão distante, sentei e sorri ao imaginar acordar com aquela paisagem esplendorosa, o nascer do sol em sua magnânima forma, perdoando a noite pelo frio. Nicholas me viu sorrir e pela expressão em seu rosto não entendia o porque eu estava sorrindo - havíamos brigado, pelo que ele deve ter considerado uma idiotice completa - entretanto respondi a pergunta silenciosa - Quando era muito pequena eu acordava bem cedo para poder entrar escondido dos meus pais no quarto deles e amanhecer o dia debruçada no parapeito da janela e vislumbrar o sol nascendo nesta paisagem pitoresca, a sensação é de que... Você está vendo um pedaço do paraíso, entende? - Ele acenou que não, mas não me contive e continuei desta vez de pé e não sentada, fazendo gestos para complementar o que dizia - Eu sei que não, mas parece que o sol se esconde atrás daquela encosta mais a longe, pode ver? - mostrei na janela - meu pai uma vez me levou lá para ver se tirava essa teoria louca da minha cabeça e o que posso dizer? Ele me convenceu, ficamos acampados lá dois dias e eu descobri que o sol não se escondia na encosta. Foi um de nossos melhores momentos, mas você precisa ver o sol nascendo nesta janela. Parece que a luz dissolve toda a tristeza que esta paisagem pudesse oferecer. Simplesmente amo essa vista! - e sorri timidamente, quase um suspiro. Nicholas apenas me observava, nada mais fazia além de me observar e pensar. Decidi procurar uma camisola para dormir, escolhi uma simples - não necessariamente por timidez e sim porque sou uma garota simples como disse anteriormente, não gosto de muitos adornos - ele aproximou-se e desabotoou o meu vestido como se tivessemos intimidade para isso, como se não fosse a nossa primeira noite - subiu um arrepio na minha nuca, me contive o máximo que pude, ele estava sendo tão delicado. Quando acabou saiu e me deixou me trocar com privacidade - para o meu alívio - depois quando voltou entrou no banheiro e pelo barulho tomou um banho saiu coberto mais não vestido, escolheu uma roupa e se vestiu ali mesmo, óbvio que quando vi que ficaria nu me deitei logo e fechei os olhos, afinal eu sou uma dama e não estou acostumada a observar a nudez de homem algum - fui criada por Emma para ser uma lady, e a minha educação religiosa também contribuiu muito como já mencionei anteriormente, se o padre pudesse conversar comigo neste exato momento aposto como diria que estou sendo boba, pois sou uma mulher casada e ele o meu marido, mas não pude me impedir de corar.
Ele deitou-se ao meu lado, nos cobriu e bem devagar apriximou-se, suavemente colocou a mão na minha cintura e deslizou pela minha barriga - gelei instantaneamente, mas não me movi - controlei a minha respiração e relaxei, quando pensei que já podia dormir Nicholas encostou-se atrás de mim e aproximou a sua boca do meu ouvido, disse - Boa noite Alice Morgenstern! - e não disse mais nada, tão pouco realizou outros movimentos mais ousados, minutos depois pude perceber que havia dormido. Deveria estar muito cansado da viagem, sem falar dessa festa de casamento surpresa, tudo nesse dia foi intenso. Então é isso que um casal faz a noite? Eles se abraçam e dormem juntinhos? Eu gostei disso, parece tão certo - não que eu entenda de casamentos, todavia me sinto mais mulher depois da minha lua de mel. Será que amanhã vou me sentir mais madura? Serei chamada agora de senhora Morgenstern, é imponente, gosto disso. Parece que o sono também está me dominando então boa noite seja lá quem for que se interesse pela vida de uma garota como eu, quer dizer agora sou uma mulher completa.
Miss. Morgenstern.

Ass: Yasmin Oliveira!

segunda-feira, 14 de maio de 2012

O Diário de Alice Jackson Part. 2



Passamos o dia todo arrumando aquela maldita casa principal - e graças à Deus eu já a vinha conservando - porque é a casa que a minha mãe viveu em matrimônio com o meu pai e em adultério com o meu tio ou pai biológico, nem sei a verdade. No meio de tudo isso, eu nem sabia mais o que pensar. Estava com medo. Muito medo. Para começar eu nunca vi um homem sem roupa, nunca mesmo, e eu nunca beijei um homem - o padre diz que é o pior pecado existente, o da fornicação, e uma mulher pode engravidar em apenas um beijo - eu sempre fui católica praticante, sempre achei que a pureza da mulher fosse o essencial, e suas virtudes seriam reveladas a partir daí. Não que eu tivesse tempo para namoricos, sempre assumi as responsabilidades da fazenda, já que o meu pai transformou-se em um bêbado inveterado. Enfim, a diferença entre mim e uma freira é a batina.
A tarde Emma veio me chamar para servir o almoço e eu disse que iria assim que terminasse de arrumar o leito que outrora fora de meus pais e que agora seria meu e de um desconhecido, entretanto eu arrumaria tudo e ficaria perfeito. Continuei a arrumação até que minha ama veio me chamar - Alice, o seu noivo disse que só almoça se você serví-lo, e não deixou ninguém comer até que ele coma. Melhor se apressar minha menina, se não esses homens vão derrubar a cozinha! - sinceramente aquele homem esta me tirando todo o bom censo, mas é o meu noivo e como diz o padre Laurent "uma mulher deve sempre ser submissa as vontades de seu marido" no meu caso noivo. - Claro ama, vou agora mesmo! - fui e o servi, quando tentei servir os outros ele disse - Não, a partir de hoje você só serve a mim. - fiz uma reverência e saí para continuar com minhas obrigações.
Terminei de arrumar o quarto, devo dizer que as cortinas bordadas em tons claros de rosa formando rosas - risos - ficaram lindas, combinando com o forro da cama e fronhas, a mobília estava bem conservada, e depois de polida ficou majestosa, o tapete então? Ah! ficou lindo. Eu estava perdida em pensamentos, nem vi que alguém havia entrado no quarto até ouvir a sua voz - Nossa! - era ele, Nicholas! - Parece que alguém teve um trabalhão para deixar esse cômodo perfeito. - me esforcei para não demonstrar meu sobressalto, quase consegui, se não fosse a minha postura rígida. Ele percebeu; se assim não o fosse não teria estampado um sorrisinho de canto de boca - nada presunçoso por sinal - e já que ele havia percebido resolvi assumir - Espero que não costume andar nas pontas dos pés que nem ladrão, ou meu coração não aguenta!
- E espero que não se assuste sempre com besteira, ou não vou poder fazer muito. - devolvido na mesma moeda, ele deve pensar que isso é um jogo, homens.
- Gostou? - apontei para uma parede qualquer do quarto.
- Sim, está muito bonito e virginal se me permite completar. - eu ri, muito delicado da parte dele tentar não escandalizar uma "moça de família" - como Emma se referiu a mim - com a palavra virginal.
- Agora que já caçoou o bastante, devo dizer que o padre já chegou e que deve-se preparar. - apenas fiz que sim com a cabeça e abri o guarda-roupa da minha mãe com os mais lindos vestidos, e peguei o do seu casamento, ele era perfeito. Muito singelo devo dizer, sem camadas e supérfluos bufantes, o caimento era simples mas muito gracioso, cheio de detalhes desde o bojo até a cintura e as mangas longas eram de renda e não me fariam suar. Poderia ficar horas falando da beleza do vestido de casamento mais bonito que já vi, estava tão imersa em meus pensamentos que nem o vi sair mas ouvi minha ama entrar. Me preparei, coloquei o vestido e Emma arrumou o meu cabelo e colocou o chapéu que foi da minha mãe- como disse, sem exageros - o que muito me agrada.
Desci as escadas da casa e todos da cidade estavam lá, eu não sei como eles descobriram e como ou porque havia decoração de casamento e comida de casamento na parte sombreada de fora da casa, eu fiquei tão emocionada que me controlei para não chorar, só podia ser obra de Emma. A olhei no fundo dos olhos, a mulher que me criou - Isso tudo é obra sua! - tentei ser severa e falar como se fosse uma acusação, todavia não obtive êxito.
- Quando mandei o Tomy ir a cidade chamar o padre, mandei também que convidasse o povo para o seu casamento e que cada um trouxesse uma comida ou não participaria da festa.
- E mesmo assim eles todos vieram.
- Você sabe que muitos deles lhe tem muito afeto, e os outros não suportariam não participar da fofoca da semana.
- Você tem razão ama. - e a abracei apertado, a minha velha ama, com quem sempre poderia contar. Ela estava muito bonita, com um vestido cor de pêssego que usava apenas em ocasiões especiais e me levou até o altar - já que era a única responsável por mim -  e me tornei Alice Jackson Morgenstern. Dá para acreditar? Nem sei o que esperar da minha vida de casada só quero que não seja igual a dos meus pais, não vou trair e nem quero ser traída. Mas o meu casamento não foi realizado na base do amor e sim de um contrato...Estou perdida e não sei o que pensar, no entanto vou aproveitar a minha festa de casamento e o resto deixarei para quando acontecer, não vou antecipar sofrimento!
O homenzarrão - que mais tarde na festa descobri que se chamava Jonathan - me convidou para dançar, é claro que com a permissão do meu marido, e dançamos. Admito que para um homem daquele tamanho ele dançava divinamente, dancei com o Nicholas cara a cara, corpos próximos. Este homem me fascina! E devo admitir que o chamar de meu marido não é tão ruim assim.

Ass: Yasmin Oliveira

segunda-feira, 7 de maio de 2012

O Diário de Alice Jackson Part. 1



Adoro a sensação da brisa suave no meu rosto, parece que tudo desaparece quando sinto aquela sensação, e que sensação, devido ao calor para mim até o mais simples vento é motivo de regozijo. Que verão terrível este, e o pior é que estou sozinha na administração da pequena fazenda da minha família - comparada a de grandes fazendeiros - mas a terra é bem fértil, o outro problema é o número reduzido de empregados. Mas eu não reclamo da vida que levo, na verdade eu a abraço com carinho. Sou uma garota simples, e sinto prazer em coisas simples. O meu dia tem sido calmo, eu acordei de manhã e com a minha ama fomos fazer o café da manhã para tomar com mais quatro empregados, comemos pão fresco com leite e começamos com os afazeres do dia. Muita coisa pra fazer na fazenda e muita gente cobrando dívidas que eu não fiz - e sim ele. Muitas vezes isso me aborrece, entretanto não me abalarei ele não merece nem isso. Ser fétido em espirito.
Como ia dizendo antes de pensamentos irados, tudo seguia seu caminho como sempre - não nego que a minha vida é dificil mas creio que Deus jamais me daria uma carga que não pudesse suportar. Estava refazendo uns cálculos - coisa que faço muito pela manhã enquanto o sol está dando a maior festa, e a tarde vou supervisionar o trabalho dos empregados na plantação - quando ouvi muito barulho. Eu tenho certeza que tem gente gritando, ouvi cavalos trotando a toda velocidade, barulho de tiro? Sim, sim ouço barulho de tiro e penso "meu Deus, o que faço?" e talvez não tenha tomado a decisão mais sensata - eu admito foi uma péssima idéia - mas fui lá fora colocar ordem na minha fazenda. Quando sai vi o maior caos, os empregados estavam correndo, tentado proteger-se de homens montados em cavalos, muito bem vestidos, e definitivamente de fora da cidade. E tinha um deles que era simplesmente divino, bronzeado - e quem não era com esse maldito verão que mais parece o inferno - olhos azuis, cabelos negros, e com certeza o "manda-chuva", o resto - o bando - tinha mais umas cinco pessoas armadas e sem nenhum pudor em atirar a luz do dia, a coisa ficou feia. Todavia reuni força interior e fui enfrentar as feras.
Caminhei elegantemente, sem me intimidar, com aquela minha típica expressão de desafio e disse - Quem é o líder? - e claro o lindo principe de olhos azuis respondeu - Eu meu bem, em que posso ser útil?
- Que tal tirando o seu traseiro junto com o dos seus comparsas? - os idiotas começaram a gargalhar e tirar sarro dele, mas o mesmo também riu sedutoramente o que não pode significar boa coisa.
- Pensei que fosse católica praticante.
- Acho que isso não é da sua conta, mas só para esclarecer católicas falam traseiro. Como também falam que seus amiguinhos são uns idiotas. - na hora eles pararam de rir e seguraram com mais firmeza a arma, um deles até a mirou em mim, não me importei mas a minha ama - Emma - ficou na minha frente como se fosse me proteger, eu a empurrei de volta ao grupo dos empregados que estavam agrupados dentro da casa tremendo de medo, e não os culpo, são gente que trabalha no campo não pistoleiros.
- Muita ousadia a sua de falar dessa maneira milady!
- Discordo, muita ousadia a sua entrar dessa forma na minha fazenda e sem a minha permissão!
- Mas eu não preciso da sua permissão, essa terra me pertence.
- Prove! - foi a única coisa que consegui pronunciar com o medo crescendo dentro de mim, de que fosse uma realidade, mas disse aos gritos.
- Com todo prazer - ele desceu do cavalo e o amarrou no pilar de madeira da casa principal e veio em minha direção que estava numa das casas secundárias (que é onde fica o meu escritório) a leste da casa principal, e o maldito tinha uma espécie de bolsa masculina, bem rústica que veio abrindo no meio do caminho e tirou de lá uns papéis e continuou a falar - achei que não perguntaria nunca.
- Do que se trata estes papéis?
- O seu pai me passou todos os seus bens, inclusive você querida. Alice Jackson; parece que você agora me pertence! - e entregou aquela papelada e estava tudo certo, os papéis diziam a mesma coisa e haviam sido autenticados por dois tabeliões, um da capital e o outro daqui mesmo - foi o sr. Dick, e pela data isso tem tempo; meu pai já saiu daqui de caso pensado e me vendeu - o sr. Dick nunca me disse nada e meu pai me vendeu como se fosse uma mercadoria e não a sua filha. Depois que mamãe foi embora fugida com o irmão mais novo do papai a nossa relação nunca mais foi a mesma, todos dizem que eu me pareço com o outro, e que meu pai não é meu pai. Então sim, eu acredito que ele faria isso comigo e disse - Não precisava fazer tanta algazarra se só iria tomar o que lhe pertencia. Entretanto fique a vontade para tomar posse de tudo o que lhe pertence, só lhe peço um favor,se encontrei graça em seus olhos, que não despeça os empregados porque estes vivem aqui desde muito pequenos e outros nasceram aqui, e amam esta terra tanto quanto eu. - enquanto eu falava não me envergonhei, nem abaixei a minha cabeça para ninguém, fui firme mas muito menos arrogante, e eles riram de mim e falaram "parece que alguém esta aprendendo o seu lugar" ou "isso mesmo querida, continue com o rabinho entre as pernas" e pior "Vamos Nicholas, mostra quem manda!", eu os odiei cada segundo que me ridicularizarão - e teria que pedir perdão à Deus mais tarde por isso - mas por hora me senti feliz em saber o nome do principe de olhos azuis...Nicholas, bonito, altivo e combinava com ele, foco, foco, foco Alice... Ele é o bandido.
- Estou surpreso - disse interrompendo os meus pensamentos - não vai pedir por você?
- Como se fosse adiantar pedir algo para mim, se sei que só me concederá o que quiser conceder.
- Tem razão, e digo que algumas coisas não irão mudar. Você continua no comando da fazenda, os empregados continuam como estão e eu preciso de um bom lugar para os meus amigos e claro, os nossos cavalos. Prepare também o nosso leito. - Emma ficou desesperada, estava atrás de mim e eu senti a sua tremedeira e palpitação, não conseguiu se segurar e desembuchou - A minha menina é moça direita e nunca deitou-se com homem algum. Não a quero mau falada. Sei que não será custo nenhum o padre vim aqui e dar a sua benção, assim a minha menina não estará em pecado. Lhe suplico milord misericórdia neste intento, Alice Jackson é moça de família, direita e não merece o pai que tem ou teve, nem sabemos de sua vivência há mais de cinco anos, seja benevolente. - ele pareceu pensar, virou-se para os rapazes e perguntou em voz alta - O que pensam a respeito do pedido desta senhora que clama pela virtude de sua menina? - o rapaz que apontou a arma para mim disse - Se essa garota possui virtudes, com certeza a sua arrogância já a corrompeu.
- Cala a boca, Skinner - disse um homenzarrão forte - eu concordo com o que a senhora disse, além do mais não vai custar nada ele vim aqui, abençoar e ir embora! - os outros pareceram concordar
- Então temos um consenso. Mande o padre vim. - e então tudo pareceu um borrão, os preparativos que organizei na casa principal - jamais habitada desde a partida de minha mãe - e a ajuda que prestei foram feitos sem a minha total presença, apenas uma parte de mim executava-os. O resto de mim perambulava a esmo, sem saber o que procederia da minha vida e com muito medo de descobrir!

Ass: Yasmin Oliveira

sexta-feira, 4 de maio de 2012

Eu sou: Yasmin Oliveira



E para aqueles que não me entendem, deixo apenas o pesar da dúvida. A constante indignação do não saber, e sinto esclarecer uma única coisa: você jamais será capaz de me decifrar, pois até eu não conheço todo o código!
Ass: Yasmin Oliveira!