quarta-feira, 16 de maio de 2012

O Diário de Alice Jackson Part. 4

 Créditos- Photographer- Jose Luis Tabueña


Acordei me sentindo totalmente feliz, agora sou uma mulher, ele ainda estava deitado e aconchegado a mim. Abri os olhos e olhei para Nicholas, e que coincidência saber que ele também me observava. - A quanto tempo esta acordado?
- A verdade é que eu acordei bem cedo e me debruçei no parapeito da janela enquanto via o sol nascer na encosta, sabe a minha mulher me disse que era como ver o paraíso e acho que ela pode estar certa. Foi a vista mais bonita que já vi.
- Parece que a sua mulher realmente entende tudo de lugares bonitos! - disse continuando a se referir a mim na terceira pessoa - risos.
- Mas não resisti a voltar para a cama e dormi de novo, tem pouco tempo que despertei.
- Já está tarde?
- Ainda temos tempo... - falou bem baixinho, quase como um suspiro deixando o final para representar fisicamente e não em palavras, talvez elas não fossem suficientes, ele chegou bem perto e apenas encostou a sua boca na minha - na hora pensei que iria engravidar sabe, foi o que pensei de imediato, mas o padre também disse que era permitido esse prazer carnal apenas para os casados, e eu sou casada então eu posso - eu ja vi meu pai encostar os lábios nos de minha mãe e foi tão suave quanto, pensando bem foi agradável. Eu não sabia como reagir, sem perceber estava fazendo biquinho e franzindo o cenho.
- Foi tão ruim assim? - perguntou um pouco preocupado, eu suspirei e respondi - Na verdade não foi isso, eu só não sei como...como...
- Como?
- Como reagir!
- Ah! Tente apenas retribuir.
- Retribuir?
- Er... Beije de volta. - esse era o nome: beijo. Parecia bastante óbvio a resposta, beijar de volta.
- Ok, acho que entendi. Tente de novo. - e então eu fiz biquinho, mostrando que estava pronta, ele riu entretanto me beijou e inicialmente com a mesma doçura de outrora, todavia eu não sei explicar o que aconteceu depois o beijo pareceu de alguma forma ficar mais intenso e com mais sentimento, se é que essa pode ser a classificação adequada para o que quero dizer, parecia que eu estava comendo o pão doce recém saído do forno da Emma, doce mas quente - ficando talvez quente demais - mas eu retribuía e me sinto envergonhada em dizer isso, eu nem o conheço, mas ele é meu noivo. Me afastei dele o mais suave que pude, estava arfando. Tomei fôlego e disse - Desculpe, estou confusa demais. O que foi isso tudo? - ele conseguiu sorrir apesar de também respirar com dificuldade.
- Um beijo. - falou como se tivesse sido a coisa mais natural do mundo e pode até ser para ele todavia eu não estou habituada a esta sensação.
- Não, não foi só um beijo. Quer dizer não que seja uma especialista no assunto, enfim é sempre assim? - falei colocando o meu braço para impedi-lo de levantar da cama, entretanto a minha atitude não foi bem interpretada como o esperado, porque o nosso contato pele com pele parecia que ia nos fazer explodir - e eu nem sei quem é a pólvora e quem é o fogo - fomos chegando cada vez mais perto e... Quase nos beijamos se não fosse minha ama ter batido na porta e dito o desjejum esta sendo preparado, com o susto tive um sobressalto e me afastei a uma distancia segura. Nicholas me olhou nos olhos, pegou nas minhas mãos e me trouxe para mais perto e finalmente se pronunciou - Nem todos tem isso, o que esta acontecendo é o que eu chamo de compatibilidade de corpos. Como se em outra vida os nossos corpos já se conhecessem e carregamos isso para outra vida!
- Acredita mesmo nisso?
- Acredito Alice, tem uma explicação melhor?
- Não tenho, mas pensarei em algo.
- Enquanto você pensa vou ver como eles estão se saindo. - acenei que sim com a cabeça, me levantei e fui ao banheiro, Nicholas provavelmente iria trocar de roupa e eu não presenciaria esta cena. Aproveitei e tomei um banho demorado apreciando cada segundo de limpeza e quando sai - coberta é claro - ele ainda estava lá, trocado de roupa é claro, o que não compreendi. Fingi não me importar, todavia não me agradava Nicholas me observar daquela maneira - como se tivesse olhando para um pedaço de carne - escolhi um vestido qualquer da minha mãe um com estampa florida bem discreta - agradecida - voltei para o banheiro e me troquei, mas claro que não consegui abotoa-lo, sai e pedi ao profissional - Se importa? - e novamente ele delicadamente abotoou, dessa vez demorando-se mais - e bom, ele acariciou minhas costas - fui nas nuvens e voltei - e lógico que fiquei arrepiada por completo.
Sentei defronte a penteadeira e arrumei o meu cabelo com uma trança, o que demorou um bocado, e Nicholas continuava ali me esperando, não entendi nada. - Achei que fosse ver se seus amigos estavam confortáveis! - indaguei curiosa.
- Decidi te esperar. - terminei a maldita trança e descemos, ele fez questão de caminhar de mãos dadas, me parou no meio da escada e disse - Não quero que converse com ninguém sobre o que acontece entre nós, nada. Não quero que ninguém saiba nem mesmo as coisas mais frívolas. - ele foi um pouco agressivo, admito que fiquei com um pouco de medo e me ocorreu que ele me esperava para isso, todavia não sei nada da vida dele, nem tenho o que dizer.
- Eu não sei nada sobre você, acho que não tem o que temer.
- Acredite Alice, o que você tem já é o suficiente. Tenho inimigos muito poderosos, e quanto menos souber melhor para a sua segurança. Então você não vai contar nada nem mesmo para Emma, eu sei que ela é sua ama, sua mãe e melhor amiga, acredite eu entendo tudo isso. Mas se descobrir que desobedeceu uma ordem tão simples quanto essa... Acredite, será melhor se você não tentar descobrir. - falou fazendo uma cara feia de mau, tentei fingir que não estava em frangalhos de medo depois da ameaça, graças ao meu bom Deus não transmiti nenhuma emoção que me colocasse em desvantagem e com a mesma petulância retruquei - Quando a Emma perguntar, e ela vai perguntar, posso pelo menos dizer que dormimos a noite toda porque ontem foi um dia longo? E que me beijou pela manhã? - ele pareceu ponderar.
- Façamos o seguinte, eu não quero que sua ama saiba que te pedi para não contar nada para ninguém, não seria gentil se parecer que a estou excluindo da sua vida. Logo toda vez que precisar contar algo para ela, primeiro converse comigo e se não houver nada com que tenha que temer... Tudo bem, a propósito não vejo nenhum problema, apenas conte como se fosse algo normal e nada de detalhes.
- Como preferir. - foi a minha resposta educada. Descemos de mãos dadas e todos os presentes na casa nos observavam, servi-lhe o café da manhã e depois todos puderam comer - inclusive eu que descobri estar faminta. Muitas coisas para pensar, esse homem é muito misterioso e não nego que entro em palvoroso só de pensar nas coisas terríveis que posso encontrar, e no lado negro dele exposto na descida da escada. Apavorei-me. Preciso estar preparada para reagir contra esse homem caso precise, não vou deixá-lo me surpreender, e não posso pedir ajuda. Estou sozinha nessa.

Ass: Yasmin Oliveira!

Nenhum comentário:

Postar um comentário