segunda-feira, 7 de maio de 2012

O Diário de Alice Jackson Part. 1



Adoro a sensação da brisa suave no meu rosto, parece que tudo desaparece quando sinto aquela sensação, e que sensação, devido ao calor para mim até o mais simples vento é motivo de regozijo. Que verão terrível este, e o pior é que estou sozinha na administração da pequena fazenda da minha família - comparada a de grandes fazendeiros - mas a terra é bem fértil, o outro problema é o número reduzido de empregados. Mas eu não reclamo da vida que levo, na verdade eu a abraço com carinho. Sou uma garota simples, e sinto prazer em coisas simples. O meu dia tem sido calmo, eu acordei de manhã e com a minha ama fomos fazer o café da manhã para tomar com mais quatro empregados, comemos pão fresco com leite e começamos com os afazeres do dia. Muita coisa pra fazer na fazenda e muita gente cobrando dívidas que eu não fiz - e sim ele. Muitas vezes isso me aborrece, entretanto não me abalarei ele não merece nem isso. Ser fétido em espirito.
Como ia dizendo antes de pensamentos irados, tudo seguia seu caminho como sempre - não nego que a minha vida é dificil mas creio que Deus jamais me daria uma carga que não pudesse suportar. Estava refazendo uns cálculos - coisa que faço muito pela manhã enquanto o sol está dando a maior festa, e a tarde vou supervisionar o trabalho dos empregados na plantação - quando ouvi muito barulho. Eu tenho certeza que tem gente gritando, ouvi cavalos trotando a toda velocidade, barulho de tiro? Sim, sim ouço barulho de tiro e penso "meu Deus, o que faço?" e talvez não tenha tomado a decisão mais sensata - eu admito foi uma péssima idéia - mas fui lá fora colocar ordem na minha fazenda. Quando sai vi o maior caos, os empregados estavam correndo, tentado proteger-se de homens montados em cavalos, muito bem vestidos, e definitivamente de fora da cidade. E tinha um deles que era simplesmente divino, bronzeado - e quem não era com esse maldito verão que mais parece o inferno - olhos azuis, cabelos negros, e com certeza o "manda-chuva", o resto - o bando - tinha mais umas cinco pessoas armadas e sem nenhum pudor em atirar a luz do dia, a coisa ficou feia. Todavia reuni força interior e fui enfrentar as feras.
Caminhei elegantemente, sem me intimidar, com aquela minha típica expressão de desafio e disse - Quem é o líder? - e claro o lindo principe de olhos azuis respondeu - Eu meu bem, em que posso ser útil?
- Que tal tirando o seu traseiro junto com o dos seus comparsas? - os idiotas começaram a gargalhar e tirar sarro dele, mas o mesmo também riu sedutoramente o que não pode significar boa coisa.
- Pensei que fosse católica praticante.
- Acho que isso não é da sua conta, mas só para esclarecer católicas falam traseiro. Como também falam que seus amiguinhos são uns idiotas. - na hora eles pararam de rir e seguraram com mais firmeza a arma, um deles até a mirou em mim, não me importei mas a minha ama - Emma - ficou na minha frente como se fosse me proteger, eu a empurrei de volta ao grupo dos empregados que estavam agrupados dentro da casa tremendo de medo, e não os culpo, são gente que trabalha no campo não pistoleiros.
- Muita ousadia a sua de falar dessa maneira milady!
- Discordo, muita ousadia a sua entrar dessa forma na minha fazenda e sem a minha permissão!
- Mas eu não preciso da sua permissão, essa terra me pertence.
- Prove! - foi a única coisa que consegui pronunciar com o medo crescendo dentro de mim, de que fosse uma realidade, mas disse aos gritos.
- Com todo prazer - ele desceu do cavalo e o amarrou no pilar de madeira da casa principal e veio em minha direção que estava numa das casas secundárias (que é onde fica o meu escritório) a leste da casa principal, e o maldito tinha uma espécie de bolsa masculina, bem rústica que veio abrindo no meio do caminho e tirou de lá uns papéis e continuou a falar - achei que não perguntaria nunca.
- Do que se trata estes papéis?
- O seu pai me passou todos os seus bens, inclusive você querida. Alice Jackson; parece que você agora me pertence! - e entregou aquela papelada e estava tudo certo, os papéis diziam a mesma coisa e haviam sido autenticados por dois tabeliões, um da capital e o outro daqui mesmo - foi o sr. Dick, e pela data isso tem tempo; meu pai já saiu daqui de caso pensado e me vendeu - o sr. Dick nunca me disse nada e meu pai me vendeu como se fosse uma mercadoria e não a sua filha. Depois que mamãe foi embora fugida com o irmão mais novo do papai a nossa relação nunca mais foi a mesma, todos dizem que eu me pareço com o outro, e que meu pai não é meu pai. Então sim, eu acredito que ele faria isso comigo e disse - Não precisava fazer tanta algazarra se só iria tomar o que lhe pertencia. Entretanto fique a vontade para tomar posse de tudo o que lhe pertence, só lhe peço um favor,se encontrei graça em seus olhos, que não despeça os empregados porque estes vivem aqui desde muito pequenos e outros nasceram aqui, e amam esta terra tanto quanto eu. - enquanto eu falava não me envergonhei, nem abaixei a minha cabeça para ninguém, fui firme mas muito menos arrogante, e eles riram de mim e falaram "parece que alguém esta aprendendo o seu lugar" ou "isso mesmo querida, continue com o rabinho entre as pernas" e pior "Vamos Nicholas, mostra quem manda!", eu os odiei cada segundo que me ridicularizarão - e teria que pedir perdão à Deus mais tarde por isso - mas por hora me senti feliz em saber o nome do principe de olhos azuis...Nicholas, bonito, altivo e combinava com ele, foco, foco, foco Alice... Ele é o bandido.
- Estou surpreso - disse interrompendo os meus pensamentos - não vai pedir por você?
- Como se fosse adiantar pedir algo para mim, se sei que só me concederá o que quiser conceder.
- Tem razão, e digo que algumas coisas não irão mudar. Você continua no comando da fazenda, os empregados continuam como estão e eu preciso de um bom lugar para os meus amigos e claro, os nossos cavalos. Prepare também o nosso leito. - Emma ficou desesperada, estava atrás de mim e eu senti a sua tremedeira e palpitação, não conseguiu se segurar e desembuchou - A minha menina é moça direita e nunca deitou-se com homem algum. Não a quero mau falada. Sei que não será custo nenhum o padre vim aqui e dar a sua benção, assim a minha menina não estará em pecado. Lhe suplico milord misericórdia neste intento, Alice Jackson é moça de família, direita e não merece o pai que tem ou teve, nem sabemos de sua vivência há mais de cinco anos, seja benevolente. - ele pareceu pensar, virou-se para os rapazes e perguntou em voz alta - O que pensam a respeito do pedido desta senhora que clama pela virtude de sua menina? - o rapaz que apontou a arma para mim disse - Se essa garota possui virtudes, com certeza a sua arrogância já a corrompeu.
- Cala a boca, Skinner - disse um homenzarrão forte - eu concordo com o que a senhora disse, além do mais não vai custar nada ele vim aqui, abençoar e ir embora! - os outros pareceram concordar
- Então temos um consenso. Mande o padre vim. - e então tudo pareceu um borrão, os preparativos que organizei na casa principal - jamais habitada desde a partida de minha mãe - e a ajuda que prestei foram feitos sem a minha total presença, apenas uma parte de mim executava-os. O resto de mim perambulava a esmo, sem saber o que procederia da minha vida e com muito medo de descobrir!

Ass: Yasmin Oliveira

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