quarta-feira, 30 de maio de 2012

O Diário de Nicholas Morgenstern part. 6.


 Nicholas Morgenstern

Será que assustei Alice? Se sim, consegui o esperado. Foi só o que pensei, eu tenho coisas para resolver e não quero ter que me preocupar em dissimular até com minha mulher, só não posso informá-la de tudo - seria tão perigoso quanto. Depois do desjejum fomos para a cidade e fui conversar com o sr. Dick. Meus companheiros insistiram em entrar apesar de minha má vontade - não estava muito para platéia, era algo mais particular - no entanto eles jamais me permitiriam esse momento.
- Nicholas? O que fazes aqui?
- Acho que sabe muito bem Dick, eu vim cobrar uma dívida.
- Dívida? - perguntou um tanto inseguro, olhando para meus amigos, facilmente confundidos com capangas; ele praticamente tremia. Me controlei para não rir, Dick parecia um pardal assustado; não, que não tivesse motivo.
- Sim, eu preciso que cumpra com sua palavra. Preciso que me diga onde o maldito do Jackson está.
- De qual Jackson estamos falando? Porque eu conheço quatro.
- Estou falando de Elliot Jackson, não haja como se não soubesse.
- Eu não sei onde ele está. - tirei uma faca do bolso e me aproximei dele, coloquei a faca em seu pescoço e educadamente continuei o diálogo.
- Melhor que não grite ou posso fazer uma besteira - disse enquanto pressionava cada vez mais a faca em sua garganta, mas não o suficiente para ferí-lo, a princípio queria apenas assustá-lo a menos que houvesse a necessidade de alguma medida mais drástica - E se não cooperar posso fazer uma besteira maior ainda, espero que agora tenha uma resposta mais adequada - o Skinner riu e disse algo do tipo "depois desse seu olhar sanguinário, você sabe que eles sempre têm" e Jonathan concluiu "é melhor que tenham", essa conversa paralela assustou ainda mais o sr. Dick, percebi que o mesmo logo teria uma síncope então me afastei e o dixei respirar, e continuei - Já tem uma resposta satisfatória sr. Dick? - Ele apenas escreveu um endereço em um pedaço de papel e disse para nunca mais visitá-lo, o que não depende da vontade dele e sim da minha, todavia deixaria como está, por enquanto.
Preciso seguir esta pista enquanto está fresca, fui até a fazenda, Alice tinha ido ajudar na plantação e ama estava muito ocupada no forno, arrumei minhas coisas e fui embora. Até pensei em deixar um bilhete, entretanto não serviria de nada, pois não poderia colocar nada além de tive que ir, não podia dizer meu destino, nem quando voltaria, nem eu sei! Ela vai ficar melhor sem um bilhete que demonstre que eu me importe, odeio ilusões, logo não as transmitirei a ninguém. A poeira da estrada castigava meus olhos e o calor era intenso a essa hora da tarde, mas eu só conseguia pensar em uma coisa: eu precisava achar Elliot e Maryse, era importante.
O que será que está passando na cabeça de Alice? Será que está com raiva? Espero que seja fácil amansar a fera quando voltarmos, no entanto o importante agora é achar os pombinhos e contar que a vida de Alice está em perigo. Estou preocupado, e preciso saber se o plano deles de fugir deu certo e porque eu não podia saber de tudo, estou com um nó na cabeça e cansado demais para continuar a cavalgar, além do fato de já ter escurecido. Fiz sinal para Jonathan e ele repassou as ordens de parar, todos precisamos comer e de um merecido descanso, pois amanhã tem mais.
Paramos num vilarejo sem nome, fomos numa taberna bebericar e matar a fome. Acampamos fora da cidade, como sempre fazíamos, não digo que estava com saudades de dormir com um bando de macho que não cheira tão bem quanto a minha Alice, entretanto gosto de sentir a natureza e dormir no relento, me faz me sentir mais livre, sem barreiras. Dessa vez, o sentimento não é bem esse. Há algo diferente, não me sinto tão livre; na verdade me sinto preso a ela e a àquela maldita paisagem da janela - só Alice para me deixar insone por causa de uma maldita encosta, e insone por pensar nela! A minha Alice Morgenstern. Argh! Como essa garota consegiu me deixar desse jeito? Se eu contar isso pra os meus amigos eles vão rir, parece que finalmente uma mulher mecheu comigo, talvez mais do que fisicamente - isso me preocupa - eu tenho uma missão e não vou me desviar dela, não posso.

Ass: Yasmin Oliveira!

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