quarta-feira, 15 de setembro de 2010

O Diário de Zoey - part. 11


I'm Zoey

Continuação de O Diário de Zoey

Despertei com o som de uma conversa nervosa e tensa, distingui de imediato a voz da minha mãe e a julgar pelo tom de voz ela estava prestes a entrar em ebulição.
- Henry! Quem essa Meggie pensa que é? Eu estou quase perdendo a paciência - disse ela aos gritos, ele bufou
- O que foi? Está querendo dizer que eu sou desequilibrada? - melhor interromper essa conversa antes que as coisas piorem
- Mãe... - consegui dizer com a voz fraca, ela ficou perplexa
- Minha filha! - ela sussurou na minha orelha cheia de emoção - Está tudo bem com você?
- Sim mãe.Tudo bem. - Espero que sim, acrescentei mentalmente - Henry?
- Oi meu amor! - meu pai é um homem de poucas palavras, ao contrário da minha mãe que tem pavio curtissimo (rs)
- Oi - disse com um sorriso fraco, que saudade daquele homem! Há quanto tempo não os vejo? Acho que desde o cruzeiro que fizemos nas minhas férias. Tentei me levantar, mas foi inútil não tenho forças nem pra levantar uma palha, então o Henry me ajudou (ele é como um pai pra mim), minha mãe estava silenciosa demais e de costas, eu nem sei o que se passa na cabeça dela, tem algo nisso tudo que não me agrada! Eu podia sentir a tensão que emanava dela, podia quase tocar no desconforto que ela sentia, podia ouvir o som desconcertante da sua respiração que falhava nos momentos que ofegava, ela estava arrasada, eu sabia que chorava. Mas porque? Abruptamente ela virou-se e pude ver a angústia que consumia todo o seu ser (pode parecer drama, mas só digo o que vi) ela me fitou com uma urgência descomunal e verbalizou de forma confusa o que tanto a afligia
- Minha filha?! Me diga... Não nos poupe a verdade... Alguém abusou de você? - Enquanto ela falava eu franzi o cenho - Eu sei que é um assunto complicado, mas... Eu não aguento mais essa tensão. Eu preciso saber! - Eu levei um minuto para entender o que ela queria dizer, e quando percebi fiquei chocada, eles não vieram me ver porque eu estava mau, mas porque achavam que eu havia sido estuprada? Quer dizer que se estivesse apenas doente eles não viriam? Que tipo de família é essa que eu tenho? Essas dúvidas me assombraram então eu estremeci diante daquele mar de incertezas, fundo demais para uma adolescente insignificante como eu. QUE DROGA. Minha mãe interpretou errado as minhas reações e começou a gritar como sempre faz quando tem uma ADP (ataque de pelanca) então os dizeres começaram com algo do tipo "eu sabia" seguido de "eu carreguei essa garota por nove meses para isso?", ela se descabelou, enfim, deu a louca na coroa, mas como sempre em nenhum momento ela me ouviu. Fingiu que eu nem existia, que é exatamente o que faz desde que ela e o meu verdadeiro pai se separaram... Pera aí! Cadê ele? Não importa, aliás ninguém se importa! Eu tentei chamá-la mas ela estava ocupada demais com o seu discurso sobre como a vida era cruel com ela, etc, e etc... Enquanto isso o Henry apenas me observava atentamente, para saber o que se passava dentro da minha cabeça, mas eu só estava irritada pelo fato deles não me ouvirem, era só isso! O Henry ainda me olhava, encontrei piedade naqueles lindos olhos azuis, aquilo era a gota d'água. As lamúrias começaram a ficar insuportáveis, e eu parecia uma bomba relógio que quando chega ao ápice cabum! Estoura...
- CHEGA! Dá para vocês pararem? - O Henry não entendeu muito bem a parte do vocês pela expressão de incredulidade, apesar do Henry não ser o meu pai de verdade é como se o fosse, eu o conheço muito e o admiro, porque cá entre nós qualquer um que consiga ficar mais de 5 minutos ao lado da minha mãe merece congratulações. Minha mãe ficou super ofendida e começou a tagarelar muito mais, eu fechei os olhos e a minha cabeça latejava. O monólogo da minha mãe prosseguia me irritando e dando nos nervos. Eu não sou nenhuma inválida e nem pretendo ser. Para sair dessa maca eu seria capaz de doar metade do meu cérebro e é isso o que eu vou fazer, levantar e não pensar em mais nada, não sou nenhuma patricinha mimada e nem uma senhora complexada. Me levantei (ignorando a vertigem que me acertou em cheio e que insistia em me derrubar) mas não desisti, fiquei de pé, peguei as minhas roupas e tomei um banho. Quando eu saí da enfermaria minha mãe tentou me impedir puxando meu braço, mas eu consegui me soltar e fui caminhando lentamente pelo caminho até o meu dormitório, enquanto o Henry conversava com a Martha.
- Ela precisa de ar puro!
-Mas...
- Deixe a menina ir, depois ela volta - Eu adorava isso nele, a liberdade regrada, ele sabia que eu precisava de tempo. Respirei fundo, e o ar puro do campus invadiu as minhas narinas em contentamento destas que vieram com um quê de liberdade, eu não suportava mais ficar presa naquela enfermaria. Foi então que encontrei Alice e para a surpresa geral ela veio falar comigo
- Olá, Bela Adormecida!
- Olá, amiga invisível! - ela gargalhou da minha ironia
- Achei que tinha superado essa fase. - disse risonha e de bom humor
- E eu que você não ía mais falar comigo!
- Fala sério! A garota está no hospital e eu e o Conrado terminamos...
- Oh! que pena... Mas falando em hospital e Andrômenda... Você sabe como ela vai? Estou muito preocupada com ela! - Completei meio constrangida, mais uma vez ela gargalhou com a incredulidade estampada na face, me deixando pior do que já estava.
- Você é a última pessoa que eu esperava que me perguntasse isso, a garota te infernizou e você me pergunta dela? Então é verdade o que me falaram? Oh meu Deus!
- Depende... O que te falaram?
- Você sabia aonde ela estava! - disse com veemência
- Eu tive um sonho, só isso... Apenas coincidência!
- Você é uma garota do tipo PA- RA- NOR- MAL? Eu nem acredito... Eu tenho uma amiga que vê o futuro?
- Hã? Amiga?
- Eu já disse que eu estou falando com você!
- E eu não tenho que aceitar ser sua amiga?
- Você não tem muitas opções de amizade sabia?
- Tá legal! Tá legal; você tem razão, mas fala baixo por favor!
- Eu tenho que ir agora, mas tarde eu passo no seu dormitório pra você me explicar essa história de novo, OK?
- OK! - E dito isso fui embora deixando para trás Alice com o seu entusiasmo frívolo. Chegando no meu quarto fui faxinar aquele ninho de cobra com filhote de cruz credo que apelidei carinhosamente de quarto. Ao terminar me encontrei em exaustão, peguei o meu celular para conferir as mensagens, chamadas e etc... Mas que surpresa tinha uma mensagem do ex-mô falando "precisamos conversar, quando puder me liga!" e outra surpresa já estamos na quinta-feira, ou seja, perdi dois dias de aula. Parece que hoje foi o dia das surpresas, mas ao meu ver nenhuma boa, algumas até razoavelmente boas, mas definitivamente nenhuma excelente, só sei que preciso de outro banho!

Autoria: Yasmin Oliveira

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