quarta-feira, 30 de junho de 2010

O Diário de Zoey - part.9



I'm Zoey



Continuação de O Diário de Zoey



A hora da verdade já começou, começou desde o momento em que eu o vi. Nunca havia o visto tão bem e sóbrio, mas isso lhe proporcionou marcas roxas debaixo dos olhos como se fossem hematomas (eram olheiras), ele estava com uma camiseta preta em V e calça Jeans nunca o vi tão bem e tão mal ao mesmo tempo, a angústia estava presa em seus olhos era como se ele quisesse me abraçar e me dizer algo mas não podia e ao mesmo tempo não queria, eu não sabia se corria e abraçava ele ou se mandava ele ir embora, mas aquele olhar era perturbador eu não aguentei, e tomei uma decisão... Mesmo que ele me renegue e rejeite-me preciso abraçá-lo e é isso que eu vou fazer. Eu corri até ele e o agarrei, ele ficou surpreso e desarmado com a minha atitude totalmente espontânea afinal nem eu mesma esperava aquela repentina vontade. Mas logo a consciência recobrou-me os sentidos e o larguei e pedi desculpas pelo ímpeto com algo do tipo:

- Desculpe; não sei o que deu em mim!

- Tudo bem.

- Você não tem nada para me dizer? - Parecia que ele queria prolongar muito aquele momento - Se você não vai dizer nada pode ir embora. - Ele achou graça de alguma coisa que fugiu a minha pessoa, pois riu de forma descarada - Zomba de mim?

- Não, não. É que quando eu cheguei você me abraçou e agora me expulsa? Não compreendo.

- Você pode dizer logo o que deseja eu quero dormir, e estou impossivelmente cansada.

- Você tem razão são 5 da manhã e concerteza você está cansada. Olha...Eu só queria te dizer que...

- Que...

- Que... Eu gosto muito de você e que... Desculpas por toda essa maluquice.

- OK, agora vá embora eu ainda tenho pelo menos uma hora de sono.

- OK, Good Night* - Ele fez menção para que me deitasse e depois beijou a minha testa (eu corei, mas acho que ele nem percebeu) e foi embora me deixando finalmente em paz. O sono me espera e dessa vez sem pesadelos, por favor!

Eu queria muito não ter tido pesadelos, mas foi algo impossível dessa vez (como das últimas) tudo o que eu via era Andrômeda gritando, apavorada. Ela queria a minha ajuda, que estranho eu não entendia nada eu nem conseguia vê-la, mas sabia que era ela... O desespero tomou conta de mim. Eu acordei gritando ou pelo menos acho que gritei, pois não saiu nenhum som da minha boca seca, consegui acordada me lembrar de tudo com uma nitidez apavorante. Eu agora entendo porque eu não conseguia vê-la, porque simplesmente eu estava observando tudo com o ponto de vista dela, e por isso as emoções eram tão reais... Eu não pronunciei nenhuma palavra desde que acordei, parecia que estava muda, a minha garganta doía muito, ah! Eu acho que sei o porquê disso tudo... Eu estou rouca e sem voz por causa do banho de chuva, ou seja, estou megagripada. Quem está do meu lado? Você deve conhecer aquele filme Predadores, eu estava me sentindo justamente nesta porcaria porque predador verme gigante estava lá de novo aguardando que eu acordasse.

- Bom dia Zoey!

- Bo-bom dia – disse com dificuldades e muuuuuuuuuuuuuuuuuuuuito rouca, ele logo ficou preocupado e veio ver se eu estava com febre, ele começou a fazer umas caretas e a listar os meus sintomas.

- Febre concerteza alta, olhos vermelhos, rouca... Você está sentindo a garganta inflamada?

- Sim, sim. – Ele sempre sorri quando me vê desconcertada e zonza com a sua aproximação. Quando ele tocou a minha testa febril foi tão... Tão... Indescritível. Ele é tão indescritível.

- Zo? Você não está nada bem não é?

- Tomei chuva, fiquei um tempão com a roupa molhada, além de dormir com o cabelo ensopado e ter tido a pior noite de sono da minha vida.

- Espero que eu não tenha tido alguma influência no seu sono e na sua gripe.

- Claro que tem, não venha dar uma de desentendido, a culpa é toda sua. Se não fosse aquela merda de sonho... – Eu explodi, porque era isso que eu era... Uma bomba relógio pronta para explodir. Me controlei, respirei fundo. O que aquela merda de sonho tinha haver com ele? Eu não estou insinuando que... Oh não! Sem chance, então ele é o quê? Um feiticeiro? Aff’z isso está ficando macabro e eu estou pisando em terreno perigoso, ele não pode achar que eu sei que tudo isso é real ou se não as coisas podem ficar como para Andrômeda, será que era isso? Ela sabia demais. Mas era só um sonho e na noite passada também foi só um sonho e que sonho, de certa forma era megarreal. Ela precisa de mim, mas aquilo já deve ter acontecido porque se eu estou usando como base o sonho anterior... Foi algo do presente, não esse sonho é diferente. Eu tenho que achar aquele predador (andróide infernal). Ele percebeu que eu estava confusa e decidiu mudar de tática.

- Conte-me sobre esse sonho que você teve...

- Esquece; é muito piegas... Vai ficar parecendo que eu sou um daqueles tipos que é apaixonada pelo professor.

- E você não é? – A pergunta dele me pegou de surpresa, foi como receber um soco no estômago. Ele mudou de estratégia de novo. Será que depois de tirar de mim a minha virgindade e pureza vai me jogar fora como se fosse um feto e fizesse parte de uma gravidez indesejada, como fez com Andrômeda? Sei lá.

- Oh não, claro que não!

- Olha Zo; não é nenhum pecado admitir seus sentimentos. – Aquela conversa estava tomando um rumo que eu não queria e ele falava tudo confortavelmente da sua cadeira que se encontrava a cabeceira da minha cama, e falava como se fosse o meu analista (não que eu tenha um, mais uma vez a minha mãe obrigou todo mundo de casa a ir ao analista porque segundo ela é algo que é essencial para uma vida saudável, ou seja sempre conversar com um profissional, eu não vi nada de diferente em mim ou qualquer outra pessoa daquela casa, principalmente no meu irmão mas voltemos a realidade).

- A real é que eu o odeio tanto que se não fosse meu professor eu já o teria matado e pra confirmar isso eu coloquei um apelido em você de...

- De Verme?

- É. Como sabia?

- Eu sei de tudo.

- OK, senhor onisciente.

- Você não me leva a sério não é? Mas tudo bem, vou mostrar que falo sério. – nesse momento tudo pareceu se transformar em pó. Ele me beijou e era tão doce a sua boca e o seu hálito tão frio e irresistivelmente incrível. Se tivesse piscado não ía perceber que ele se aproximava, foi tudo tão rápido. Foi um beijo que me deixou completamente sem ar, ele tentava incansavelmente quebrar barreiras que eu cuidadosamente coloquei para me proteger de situações como essa, quando percebi ele já estava em cima de mim e tentando tirar a minha roupa. Eu não sei da onde tirei forças (até porque eu não queria) para dar um pulo da cama. Eu explodi de novo e gritei com ele.

- SEU VERME DESPREZÍVEL E ABOMINÁVEL VÁ EMBORA DESSE QUARTO E DA MINHA VIDA. EU QUERO VOCÊ BEM LONGE DE MIM, E NUNCA MAIS ME TOQUE OU ME BEIJE, ENTENDEU? – Eu respirava de forma ofegante e fazia gestos desesperados e... Comecei a chorar e desabei no chão perdendo assim a consciência, acho que desmaiei. Quando acordei estava na enfermaria e apavorada gritei para chamar a enfermeira Ela apareceu sobressaltada e me observava tentando me examinar e seja lá o que viu quando sintonizou com os meus olhos a fez estremecer, ela me abraçou e começou a chorar (eu senti um cheiro estranho como o de sangue) comecei a ter vertigem aquele cheiro me deixa enjoada. Ela me segurou e recolocou na maca. Eu a chamei e disse com a voz rouca e fraca:

- Existe a possibilidade de que eu tenha sido estuprada? – Ela ficou perplexa com a minha pergunta.

- O professor Verner tocou em você?

- Eu não sei... Eu não me lembro eu juro. Alguém antes dele chegar pode ter tocado em mim eu não sei... Estou me sentindo suja... Argh! Me ajude! Faça o teste pra saber eu te suplico. – Ela fez o que eu pedi sem muitos questionamentos, concerteza percebeu a minha angústia, eu estava concerteza desesperada. Perguntei a ela da onde vinha aquele sangue, ela ficou surpresa com a minha pergunta. Meggie era o nome dela mas todos a chamavam de Meg, Ela começou a jogar água sanitária no chão e esfregar com murmúrios do tipo “Eu não sou paga para esfregar o chão” ou “Eu estudei tanto para trabalhar como uma doméstica?” eu ri baixo mas ela captou o meu humor e disse:

- Do que você está rindo? Nada disso é engraçado, uma garota da sua idade foi encontrada no bosque toda ensangüentada. – Na hora o assombro tomou conta de mim e um grito agudo escapou da minha boca

- Andrômeda? A culpa é toda minha eu devia... Devia ter ficado consciente e ter ido atrás dela, ela não merecia... Eu sei que ela era uma chata, mas... Ela não merecia! – As lágrimas jorravam da minha face como uma cachoeira eu senti o meu rosto incendiar de ódio, eu comecei a levantar da maca e andar, mas a Meg me parou a tempo

- Você sabe quem foi? – Eu revirei os olhos – Não tem certeza é isso? – Eu fiz que sim com a cabeça – Não adianta você sair daqui e tentar matar/estrangular o professor Verner.

- Como? ...

- Como eu sei?

- É.

- Todos sabem das coisas que o Verner faz, mas ninguém faz nada. São todos cúmplices, eu não quero que isso continue...

- E porque ninguém faz nada?Que droga.

- Eu sei. Só que não adianta você chamar a polícia, tem que ter provas, entendeu? Tem que provar que ele está fazendo muita coisa errada.

- Como?

- Ele tem alguns amigos policiais, promotores, juízes, advogados, embargadores e por aí vai, ele é um homem influente, inteligente e muito esperto. Tem um detalhe...

- E qual é?

- Ele está muito descuidado.

- Hã?

- Exatamente, ele gosta de você. De um jeito doentio mais gosta. Andrômeda me fez algumas confissões antes de ir ao hospital.

- Ela está viva?

- Claro que sim. Eu a encontrei a tempo!

- Graças a Deus!

- A Deus não a você.

- Como assim?

- Você delirava enquanto dormia e descreveu onde estava Andrômeda e disse salvem-na.

- Eu disse isso? Impossível.

- Foi sim. Eu fiquei preocupada e bisbilhotei para saber dela e parece que não estava nem na sala de aula e nem no dormitório matando aula...

- Mas ela podia ter fugido do campus, ou sei lá...

- Eu só fui mesmo porque você acordou e segurou a minha mão com força, me olhou nos olhos (e devo dizer que você estava devastadoramente angustiada) e falou no meu ouvido “Salve-a ou leve para o túmulo esse peso por não tê-la salvado”, devo dizer que fiquei apavorada...

- E o que eu disse depois?

- Nada de significante.

- Como assim nada de significante?

- Desmaiou de novo e depois voltou a delirar. Você está sob muita pressão não é? – Acenei com a cabeça que sim, ela continuou – Você sabe o porque uma pessoa tem como suor sangue?

- Sim, é quando ela está sob grande pressão. Um exemplo clássico foi Jesus.

- Exatamente, foi isso que aconteceu com você.

- Hã?

- O que aconteceu com Jesus.

- Eu não queria que ela morresse, eu a odeio sei disso, mas gostaria que alguém velasse por mim, que fizesse o mesmo. – disse cabisbaixa - Mas ela não o faria se estivesse no meu lugar e eu no dela, concerteza.

- E isso tem importância? – dei de ombros, pois eu não tinha noção da resposta. Voltei para a maca, estava cansada e precisava dormir. Sabe aquela música de Nxzero – Só rezo? Que ele canta que só reza pra ficar bem? Pois é, eu só rezo para dormir sem pesadelos e sonhos, e é claro: eu só rezo pra ficar bem!



Autoria: Yasmin Oliveira

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